quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A Ortodoxia em Perguntas e Respostas



1.º) O QUE É A IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ORTODOXA?

A Igreja Católica Apostólica Ortodoxa professa a Doutrina autêntica de Nosso Senhor Jesus Cristo, tal qual foi revelada pelos seus próprios lábios e exercida pelos Apóstolos, no primeiro século da Era Cristã, na então, Palestina e nas cidades de Jerusalém, Damasco e Antioquia.
Obedece aos mandamentos, procede de acordo com a vida da graça que nos legou por Sua morte e edificou pelos Sacramentos, crê na vida eterna, observa os ensinamentos dos Sete Concílios Ecumênicos e persiste estreitamente unida a seus pastores, Bispos e demais Sacerdotes Ortodoxos, continuadores, em linha direta, das obras dos Apóstolos. Reconhece como chefe único da igreja, sem comparsa ou legatários, a Nosso Senhor Jesus Cristo que nos dirige, ensina e eleva. É depositária da Doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo e prossegue em todo o mundo a Sua obra de amor e salvação.
Deus prometeu à Sua Igreja, a assistência do Espírito Santo e a sua união com ela até à consumação dos séculos, a fim de não cair no erro, nem falhar nos seus ensinamentos.
A Igreja Ortodoxa Oriental reúne as quatro características que distinguem a Verdadeira Igreja: Una, Santa, Católica e Apostólica. Durante vinte séculos, manteve inalteráveis os sacramentos, as próprias doutrinas e os mesmos pastores que são sucessores dos Apóstolos. A designação Ortodoxa procede do fato de ela crer e ensinar corretamente a doutrina do Cristo. Conservou-se exemplarmente na doutrina, desde a pregação de Nosso Senhor Jesus Cristo, até aos dias de hoje. A primazia de honra da Igreja é desempenhada pelo Patriarca Ecumênico de Constantinopla.
Deus prometeu à Sua Igreja a assistência do Espírito Santo e a Sua união com ela até a consumação dos séculos, a fim de não cair no erro nem falhar nos seus ensinamentos.

2.º) O QUE É A ORTODOXIA - (palavra grega que significa Doutrina Reta)?

É a autêntica Religião Cristã, pregada no Oriente por Nosso Senhor Jesus Cristo, transmitida pelos Apóstolos e seus sucessores e conservada e ensinada pela Igreja Católica Apostólica Ortodoxa, através dos séculos, em toda a sua autêntica pureza.
É a doutrina reta, contida na Sagrada Escritura, sem aumentar, nem diminuir nada, na Tradição e nos 7 primeiros Concílios Ecumênicos.
É a Doutrina ensinada e pregada pela Igreja Católica Apostólica Ortodoxa para glorificar a Deus e salvar as almas, segundo a Vontade de Jesus Cristo.
É Cristão Ortodoxo quem segue a Doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo e os ensinamentos da Igreja Católica Apostólica Ortodoxa, mais exatamente, é aquele que segue a reta Doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Esta Doutrina e Religião ensinada por Nosso Senhor Jesus Cristo, difundida e propagada pela Igreja Católica Apostólica Ortodoxa chama-se "A ORTODOXIA".
3.º) QUEM FUNDOU A IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ORTODOXA?
Fundada por Cristo sobre a fé de seus doze Apóstolos, a Igreja Ortodoxa nasceu no ano 33 da era cristã, dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo apareceu aos Apóstolos reunidos no Cenáculo como línguas de fogo. A Igreja Cristã Ortodoxa nasceu com Cristo e seus Apóstolos e não com Fócio no ano 858, nem com Miguel Cerulário, em 1054, como equivocada e erroneamente alguns propagam.
A Igreja Ortodoxa surgiu na Palestina com Jesus Cristo, expandiu-se com os Apóstolos e edificou-se sobre o sangue dos mártires. Não teve a sua origem na Grécia ou noutra região ou país que não seja a Palestina. Ela não morre, porque vive e descansa em Cristo e tem a promessa divina de que existirá até o fim dos séculos. Em vão os seus inimigos e todos os corifeus da impiedade tentaram destruí-la, negá-la, perseguí-la. À semelhança de seu Divino Mestre e fundador Nosso Senhor Jesus Cristo, a Igreja Ortodoxa, desde o seu nascimento, tem padecido e sofrido terríveis perseguições debaixo do jugo do Império romano, passando pelo muçulmano e turco, até nossos dias. O sangue de uma infinidade de mártires tem selado e provado ao mundo a sublimidade do seu amor, a perfeição e a veracidade da sua doutrina divina. Apesar de todas as campanhas, sempre subsistiu e triunfou. Vive e viverá eternamente em Cristo e, confiante, seguirá com Suas palavras: "Eu estarei convosco até a consumação dos séculos, e as portas do inferno não prevalecerão contra Ela."
Foi na cidade de Antioquia onde os primeiros crentes em Jesus Cristo começaram a chamar-se, pela primeira vez, Cristãos, denominação que usamos até hoje (At XI,26). Logo após, a prédica cristã chegou até Roma, capital do Império Romano, onde o Apóstolo São Paulo formou a primeira comunidade cristã, constituída por várias famílias que ele enumera e saúda na sua Epístola aos Romanos, Capítulo XVI. Da cidade de Roma, o Evangelho foi propagado por todo o Ocidente e outras partes do mundo.
Os bispos exerciam a administração dos cristãos; aquele que mais autoridade tinha na sua região usava o título de Patriarca. Eram cinco os Patriarcas que o mundo cristão tinha nos primeiros séculos: o de Roma, o de Constantinopla, o de Alexandria, o de Antioquia e Jerusalém. Todos eles, com iguais direitos, eram independentes na administração das suas respectivas regiões e, iguais entre si, considerando-se o primeiro entre iguais "primus inter pares," o Patriarca de Roma, pela condição de ser a capital do Império (I Concílio Ecumênico, art. 6; II Concílio Ecumênico, art. 3; IV Concílio Ecumênico, art. 28; VI Concílio Ecumênico, art.36). A mais alta autoridade da Igreja Cristã era, e ainda continua a sê-lo, o Concílio Ecumênico, cujas decisões são obrigatórias para toda a Igreja.
O triunfo do Cristianismo teve lugar no terceiro século após a morte de Cristo, motivado pela paz decretada por Constantino, Imperador de Roma. Até então, o Cristianismo vivia nas catacumbas, locais onde eram celebrados todos os atos religiosos e se aprendia a religião de Cristo (Atos dos Apóstolos). Desde aquela era, a Igreja segue o seu caminho através do mundo, pregando a doutrina de Jesus Cristo.

4.º) COMO SE ORGANIZOU A IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ORTODOXA?
Santo Inácio de Antioquia (séc. I D.C.) é o primeiro autor cristão a enumerar os bispos, presbíteros e diáconos como três graus do ministério cristão, essa hierarquia fixou-se na tradição da Igreja na sua organização. De fato, os ortodoxos atribuem a autoridade máxima ao colégio dos bispos, concedendo um destaque aos Patriarcas como guardião especial das fontes de verdade da Igreja.
A Igreja Católica Apostólica Ortodoxa possui a autêntica Doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo, tal como saiu dos seus lábios e foi pregada pelos Apóstolos no primeiro século da era cristã, pratica seus mandamentos e vive a vida da graça, que nos deixou nos sacramentos, após sua morte e Ressurreição e os ensinamentos dos 7 primeiros concílios, para que alcancemos a vida eterna.
A Igreja é a depositária da Doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo e a continuadora da obra da Salvação, do amor e da conquista da vida eterna, por toda a terra. Deus prometeu à Igreja a assistência do Divino Espírito Santo, não cair e não ensinar o erro e "Eu permanecerei convosco até os confins dos séculos".
A administração dos fiéis cristãos era exercida pelos Bispos, Presbíteros e Diáconos e em cada região há uma autoridade maior, chamada Patriarca. O mundo cristão, nos primórdios do cristianismo tinha cinco Patriarcados (a Pentarquia). Em ordem cronológica: Patriarcado de Jerusalém, Patriarcado de Antioquia, Patriarcado de Alexandria, Patriarcado de Constantinopla e Patriarcado de Roma; todos eles tinham iguais direitos e eram independentes na administração; ao Patriarcado de Roma foi dado o título de "Primus inter pares", por ser Roma, na época, a capital do império (conf. 1.o Concílio Ecumênico, art. 36), ficando assim, na ordem hierárquica: os Patriarcados de Roma, da Nova Roma - Constantinopla, de Antioquia, de Alexandria e de Jerusalém; mas, a mais alta autoridade da Igreja Cristã, ainda era o Concílio Ecumênico, cujas decisões são obrigatórias para todas as Igrejas Cristãs.

5.º) ONDE ESTÁ EXPRESSA CLARAMENTE A DOUTRINA CRISTÃ ORTODOXA?
As fontes de onde se extrai a Fé Ortodoxa são: a Sagrada Escritura e a Santa Tradição.
A Sagrada Escritura é a Doutrina de Deus revelada ao gênero humano por intermédio dos patriarcas, dos profetas e dos apóstolos, e está consignada no Antigo e no Novo Testamento.
Ao lermos a Sagrada Escritura, as palavras dos profetas e dos apóstolos penetram nos nossos corações como se fossem verdades proferidas pelos próprios lábios desses santos homens, apesar dos séculos e milênios decorridos desde a data do registro dessas obras divinas.
O mais antigo meio de divulgação da Revelação Divina foi a Santa Tradição. Desde os tempos do primeiro homem, Adão, até Moisés, não havia nenhuma Sagrada Escritura. Nosso Senhor Jesus Cristo, o próprio Salvador, transmitiu aos Apóstolos os seus divinos ensinamentos através de sermões e parábolas, e não por meio de livros. Assim, no começo, procederam os Santos Apóstolos que divulgaram, oralmente, as Verdades Divinas, edificando deste modo as bases da Santa Igreja. A razão do registro da Sagrada Escritura foi para conservar, de maneira precisa e inalterável, a Revelação Divina.
A Santa Tradição é o conjunto de verdades reveladas por Deus, mas não consignadas na Sagrada Escritura; são transmitidas oralmente de geração em geração. Hoje, encontramo-la divulgada, por escrito ou por símbolos, nos concílios, liturgias, costumes, monumentos, pinturas, leis eclesiásticas, bem como através de sentenças e epístolas ensinadas pelos Santos Pais da Igreja.
Em resumo, a Tradição Apostólica encontra-se manifestada:

a) Nos Sete Concílios Ecumênicos;
b) Nas Obras Cristãs dos Santos Pais da Igreja
c) No Símbolo dos Apóstolos;
d) No Símbolo Niceno-Constantinopolitano;
e) No Símbolo de Santo Anastácio;
f) Na Liturgia da Igreja;
g) Nos monumentos, pinturas e arqueologia cristãos;
h) Nos livros simbólicos da Ortodoxia:

***** * A Confissão Ortodoxa de Pedro Moghila;
***** * A Confissão Ortodoxa de Dositeu, Patriarca de Jerusalém, 1672; e
***** * O Catecismo de Filareto de Moscou.

i) No magistério permanente da Igreja;
j) Na legislação eclesiástica; e
l) Nos costumes e usos cristãos.
Mesmo que tenhamos a Sagrada Escritura, devemos seguir a Santa Tradição, que está diretamente ligada a ela e unida à Revelação Divina. A própria Sagrada Escritura no-lo ensina: "Então, irmãos, sede firmes e conservai as tradições que lhes foram ensinadas, seja por palavras, seja por epístolas" (Tes 2:15).
Onde se encontra manifesta: A Sagrada Escritura?
A Tradição Apostólica?
A Tradição, encontramo-la manifestada em:
1.o - Os sete Concílios Ecumênicos; 2.o - Os Santos Padres e Escritores Cristãos;
3.o - Símbolo dos Apóstolos; 4.o - Símbolo Niceno-Constantinopolitano; 5.o - As Liturgias da Igreja; 6.o - O Magistério Permanente da Igreja; 7.o - A Legislação Eclesiástica.
A Ortodoxia é a Igreja de Cristo sobre a terra. A Igreja de Cristo não é só uma instituição, mas uma vida nova com Cristo e em Cristo dirigida pelo Espírito Santo.

6.º) QUAIS FORAM AS CAUSAS QUE LEVARAM À SEPARAÇÃO DA IGREJA OCIDENTAL (CATÓLICA) E DA IGREJA ORIENTAL (ORTODOXA)?
Porque é que se verificou o cisma da Igreja Ocidental? Porque é que Roma se separou do tronco comum e fecundo da árvore da Tradição, criando um Cristianismo "Romano" a que deu o nome contraditório de "Catolicismo"?
O seu cisma não pode ser identificado com nenhum acontecimento particular da História, nem se lhe pode atribuir uma data precisa. Para essa separação progressiva terão contribuído diversos fatores, entre os quais a oposição política entre Constantinopla e o "império" de Carlos Magno, o afastamento da Tradição por desvios sucessivos do pensamento e da prática da Igreja Ocidental, divergências no campo teológico e no da Vida da Igreja.
No entanto, talvez tenha sido este último aspecto - o de Roma criar um conceito diferente do que é a vida e a missão da Igreja - que acabou por ser o fator determinante ou, pelo menos, a gota de água que fez transbordar o vaso cheio de erros e falhas.
De fato, a Igreja Ocidental, graças a fatores essencialmente políticos, de ambição do poder temporal, desenvolveu a partir da Idade Média, a doutrina da primazia do Papa (título, aliás, dado aos Patriarcas de Roma e de Alexandria) como último e, depois, como único recurso em matéria de Fé. Ora, isto era, é e será, completamente estranho à Tradição da Igreja dos Apóstolos, dos Mártires, dos Santos e dos Sete Concílios Ecumênicos.
Para Esta, a autoridade em questões de Fé repousa nos Concílios - no acordo entre todos os Bispos, sucessores dos Apóstolos - e no Povo Real, Hierarquia e fiéis.
Havendo, portanto, divergências entre Oriente e Ocidente acerca da noção de autoridade na Igreja, não podia existir acordo quanto à maneira de resolver os problemas entretanto surgidos no seio da Igreja una: a questão do "Filioque", a diferença dos ritos, a existência de presbíteros casados, a utilização do latim ou das línguas indígenas, o uso da barba ou da cara raspada entre clero, etc.
Para a Igreja Ocidental, o seu Bispo é o "chefe da Igreja universal" porque se considera o sucessor de São Pedro. E interpreta como fundação da Igreja e proclamação dessa chefia universal a célebre passagem do Evangelho de Mateus: "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do Inferno não prevalecerão contra Ela"(16,18).
Veja: Evangelho de São Mateus
Para a Igreja una e indivisa a interpretação desta passagem do Evangelho é toda outra. Como disse Orígenes (fonte comum da Tradição patrística da exegese), Jesus responde com estas palavras à confissão de Pedro: este torna-se a pedra sobre a qual será fundada a Igreja porque exprimiu a Fé verdadeira na divindade de Cristo. E Orígenes comenta: "Se nós dissermos também: 'Tu és o Cristo, Filho de Deus Vivo', então tornamo-nos também Pedro (...) porque quem quer que seja que se una a Cristo torna-se pedra. Cristo daria as chaves do Reino apenas a Pedro, enquanto as outras pessoas abençoadas não as poderiam receber?".
Pedro é, então, o primeiro "crente" e se os outros o quiserem seguir podem "imitar" Pedro e receber também as mesmas chaves. Jesus, com as Suas palavras relatadas no Evangelho, sublinha o sentido da Fé como fundamento da Igreja, mais do que funda a Igreja sobre Pedro, como a Igreja Ocidental pretende. Tudo se resume, portanto, em saber se a Fé depende de Pedro, ou se Pedro depende da Fé...
Por isso mesmo, São Cipriano de Cartago pôde afirmar que a Sé de Pedro pertence ao Bispo de cada Igreja Local, enquanto São Gregório de Nissa escrevia que Jesus "deu aos Bispos, através de Pedro, as chaves das honras do Céu". A sucessão de Pedro existe onde a Fé justa (Ortodoxa) é preservada e não pode, então, ser localizada geograficamente, nem monopolizada por uma só Igreja nem por um só indivíduo.
Levando a teoria da primazia de Roma às últimas conseqüências, seríamos obrigados a concluir que somente Roma possui essa Fé de Pedro - e, nesse caso, teríamos o fim da Igreja una, santa, católica e apostólica que proclamamos no Credo: atributos dados por Deus a todas as comunidades sacramentais centradas sobre a Eucaristia, possuindo um verdadeiro Episcopado, uma verdadeira Eucaristia e, portanto, uma presença autêntica de Cristo.
Afirma, depois, a Igreja Ocidental que é ela a Igreja fundada por Pedro e que essa fundação apostólica especial lhe dá direito a um lugar soberano sobre todo o universo. Ora a verdade é que, para além do fato de não sabermos realmente se São Pedro foi o fundador dessa Igreja Local e o seu primeiro Papa (aliás, terão os Apóstolos sido Bispos de qualquer Igreja Local...?), temos conhecimento que outras cidades ou outras localidades mais pequenas podiam, igualmente, atribuir a si mesmas essa distinção, por terem sido fundadas por Pedro, Paulo, João, André ou outros Apóstolos. Assim, o Cânone do 6º Concílio de Nicéia reconhece um prestígio excepcional às Igrejas de Alexandria, Antioquia e Roma, não pelo fato de terem sido fundadas por Apóstolos, mas porque eram na altura as cidades mais importantes do Império Romano e, sendo assim, deram origem a importantes Igrejas Locais...
Toda esta divergência de pontos de vista entre Roma, considerando-se única detentora da verdade e da autoridade, e as restantes Igrejas Irmãs, que desejavam manter-se fiéis ao espírito da Tradição herdada dos Apóstolos, acabou por resultar nos trágicos acontecimentos de 1054 e 1204 - no dia 16 de julho de 1054, os legados do Papa de Roma entraram na Catedral de Santa Sofia (em Constantinopla, capital do Império), um pouco antes de começar a Sagrada Liturgia, e depositaram em cima do altar uma bula que excomungava o Patriarca de Constantinopla e todos os seus fiéis. Esta separação oficial, decidida pela Igreja Ocidental, teria sua confirmação em 1204, quando os cruzados, que se intitulavam cristãos, assaltaram Constantinopla, saquearam e pilharam, fizeram entrar as prostitutas que traziam consigo para dentro do santuário de Santa Sofia, sentaram uma delas no trono do Patriarca, destruíram a iconostase e o altar, que eram de prata. E o mesmo aconteceu em todas as Igrejas de Constantinopla.
7.º) QUANDO OCORREU A SEPARAÇÃO ENTRE AS IGREJAS DO ORIENTE E DO OCIDENTE?

Em primeiro lugar devemos realçar que a Igreja Católica Apostólica Ortodoxa nunca se separou de nenhuma outra Igreja. Ela permanece em linha reta desde Nosso Senhor Jesus Cristo e seus Apóstolos. Jamais se afastou, através dos séculos, da autêntica e verdadeira doutrina ensinada pelo Divino Mestre. Dela separaram-se outras Igrejas, mas ela não se afastou nunca de ninguém ou da linha reta traçada por Jesus Cristo. A Igreja Ortodoxa é una, ontem, hoje e amanhã - é sempre a mesma. Cristo assinalou-lhe o caminho a seguir, e ela observou-o e cumpriu-o sem se afastar nunca do mandato de Cristo.
Triste e doloroso acontecimento na Igreja de Cristo foi a separação das Igrejas Ortodoxa e Romana, que por mil anos permaneceram unidas. São múltiplas e complexas as causas; psicológicas, políticas, culturais, disciplinares, litúrgicas e, até dogmáticas. Todavia, é bem certo e historicamente demonstrado que a separação definitiva não se processou com o Patriarca Fócio, no século IX, nem com o Patriarca Miguel Celurário, no século XI (1054). Apesar das divergências havidas entre ambas as Igrejas, principalmente a questão do Filioque e dos Búlgaros, a unidade foi mantida. Os Patriarcas Orientais e Ocidental permaneceram em comunhão, pelo menos parcial e, mesmo em Constantinopla, as Igrejas e mosteiros latinos continuaram a existir.
A divisão foi efetuada durante vários séculos. A origem desse fato histórico teve como verdadeira causa a pretensão de Carlos Magno (século VIII - ano 792) de contrair casamento com a Princesa Irene de Bizâncio e não conseguir seu objetivo. Ressentindo-se com a recusa, atacou os orientais, atribuindo-lhes erros que não tinham, nos livros chamados Carolinos, apoiado pelos teólogos da corte de Aix-la-Chapelle. Essa atitude prejudicou profundamente a vida entre ambas as Igrejas, não obstante haver o próprio Papa desaprovado a ocorrência.
A ruptura definitiva e verdadeira produziu-se na época das Cruzadas, que foram totalmente nefastas para as relações entre as duas partes da Cristandade. Os bispos orientais foram substituídos por latinos. O golpe de graça nos vestígios de unidade que ainda existiam foi dado, principalmente, pela famosa Quarta Cruzada, em 1198. A armada veneziana, que transportava os Cruzados para a Terra Santa, desviou-se até Constantinopla, e cercou a "Cidade Guardada por Deus." Relíquias, museus, obras de arte, e tesouros bizantinos, saqueados pelos Cruzados para a Terra Santa, enriqueceram, inteiramente, todo o Ocidente. Até um patriarca veneziano, Tomás Marosini, se apossou do assento de Fócio, de acordo com o Papa Inocêncio III.
A mentalidade do século XX, mesmo no Ocidente, não pode deixar de recordar-se com profunda revolta e indignação, dos atos dos cruzados contra os fiéis da Ortodoxia neste infeliz Oriente, mormente em Constantinopla, no ano de 1204, quando lançaram o Imperador Alexe V do cume do Monte Touros, matando-o. Destituíram o Patriarca legalmente escolhido, João e, no seu lugar, colocaram um cidadão de nome Tomás Marosini. Em Antioquia, no ano de 1098, despojaram o Patriarca legítimo, João e, no seu lugar, colocaram um de nome Bernard. Em Jerusalém, compeliram o Patriarca legal, Simão, a afastar-se da Sé e substituíram-no por um chamado Dimper.
Os abusos dos cruzados devem ser considerados, no mínimo, atos de inimizade, além de violação do direito. Vieram ao Oriente, alegando a "salvação dos lugares santos das mãos dos muçulmanos árabes," mas o objetivo era bem outro. Quando passaram por Constantinopla e a ocuparam na terça-feira, 13 de abril de 1204, depois de um cerco mortífero que durou sete meses, ficaram deslumbrados com sua civilização e riquezas, atacaram os seus habitantes, assaltaram os seus museus e lojas, roubaram os seus palácios e igrejas, destruíram a nobre cidade do Bósforo e incendiaram-na, depois de praticarem atos de rapina e pilhagem, não deixando nenhum objeto de valor ou utensílio de utilidade doméstica.
Os cruzados permaneceram em Constantinopla de 1204 a 1261, quando foram obrigados a evacuá-la, no dia 15 de agosto, festa da Assunção de Nossa Senhora, pelo General Alexe Estratigopolos, sob o governo do Imperador Miguel Paleólogos, que reconquistou a Capital. Depois, os cruzados foram definitivamente aniquilados na Palestina em 1291.
O cisma estava consumado e, apesar dos desejos e dos esforços conjugados nesse sentido, não houve nenhuma possibilidade de sanar a ruptura até ao dia de hoje. A esperança de união não conseguiu converter-se em feliz realidade, como todos apelavam. Essa ânsia motivou três concílios: de Bai, Apúlia, em 1098; de Leão, em 1274; e de Florença, entre 1438 e 1439. Infelizmente, porém, não se conseguiu, em nenhum deles, a ansiada união de todos os cristãos numa única Igreja, debaixo de uma só autoridade: Cristo. Somente Deus e as orações farão possível a união de ambas as Igrejas. Todos os esforços que se realizam atualmente em todo o mundo serão em vão e condenados ao fracasso se não se apoiarem na oração e no sacrifício. É necessário, inicialmente, que se eliminem e desapareçam totalmente os ataques, as pregações condenatórias e o tratamento de hereges e cismáticos prodigalizados, abundantemente, pela Igreja Católica Apostólica Romana contra a Igreja Católica Apostólica Ortodoxa. (Após o último Concílio Ecumênico de Roma, cessaram os ataques contra a Igreja Ortodoxa e aos demais cristãos). É absolutamente imprescindível reconhecer que a Igreja Ortodoxa não é uma ovelha desgarrada que vive no erro e nas trevas. Pedimos a Deus para que as palavras de Cristo, "um só rebanho guiado por um só pastor," sejam um dia, uma feliz realidade.
8.º) QUAIS AS DIFERENÇAS DOUTRINAIS ENTRE AS IGREJAS DO ORIENTE E DO OCIDENTE (CATÓLICA E ORTODOXA)?

A diferença fundamental é a questão da infalibilidade papal e a pretensa supremacia universal da jurisdição de Católica, que a Igreja Ortodoxa não admite, pois ferem frontalmente a Sagrada Escritura e a Santa Tradição.
Existem, ainda, outras distinções, abaixo relacionadas em dois grupos básicos:
A) As Diferenças Gerais;
B) As Diferenças Especiais.
C) Os Dez Mandamentos;
Para termos uma idéia dessas diferenças, vejamos o seguinte esquema, de cuja leitura se infere uma possibilidade de superação, quando pairar acima das paixões o espírito de fraternidade que anima o trabalho dos verdadeiros cristãos.
I ) Diferenças Gerais:
São dogmáticas, litúrgicas e disciplinares.
A) A Igreja Ortodoxa só admite sete Concílios, enquanto a Latina adota vinte.
B) A Igreja Ortodoxa discorda da procedência do Espírito Santo do Pai e do Filho; unicamente do Pai é que admite.
C) A Sagrada Escritura e a Santa Tradição representam o mesmo valor como fonte de Revelação, segundo a Igreja Ortodoxa. A Igreja Latina, no entanto, considera a Tradição mais importante que a Sagrada Escritura.
D) A consagração do pão e do vinho, durante a missa, no Corpo e no Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, efetua-se pelo Prefácio, Palavra do Senhor e Epíclese, e não pelas expressões proferidas por Cristo na Última Ceia, como ensina a Igreja Latina.
E) Em nenhuma circunstância, a Igreja Ortodoxa admite a infalibilidade do Bispo de Roma. Considera a infalibilidade uma prerrogativa de toda a Igreja e não de uma só pessoa.
F) A Igreja Ortodoxa entende que as decisões de um Concílio Ecumênico são superiores às decisões do Papa de Roma ou de quaisquer hierarcas eclesiásticos.
G) A Igreja Ortodoxa não concorda com a supremacia universal do direito do Bispo de Roma sobre toda a Igreja Cristã, pois considera todos os bispos iguais. Somente reconhece uma primazia de honra ou uma supremacia de fato (primus inter pares).
H) A Virgem Maria, igual às demais criaturas, foi concebida em estado de pecado original. A Igreja Latina, por definição do papa Pio IX, no ano de 1854, proclamou como "dogma" de fé a Imaculada Concepção.
I) A Igreja Ortodoxa rejeita a agregação do "Filioque," aprovado pela Igreja Latina, no Símbolo Niceno-Constantinopolitano.
J) A Igreja Ortodoxa nega a existência do limbo e do purgatório.
L) A Igreja Ortodoxa não admite a existência de um Juízo Particular para apreciar o destino das almas, logo após a morte, mas um só Juízo Universal.
M) O Sacramento da Santa Unção pode ser ministrado várias vezes aos fiéis em caso de enfermidade corporal ou espiritual, e não somente nos momentos de agonia ou perigo de morte, como é praticado na Igreja Latina.
N) Na Igreja Ortodoxa, o ministro habitual do Sacramento do Crisma é o Padre; na Igreja Latina, o Bispo, e só extraordinariamente, o Padre.
O) A Igreja Ortodoxa não admite a existência de indulgências.
P) No Sacramento do Matrimônio, o Ministro é o Padre e não os contraentes.
Q) Em casos excepcionais, ou por graves razões, a Igreja Ortodoxa acolhe a solução do divórcio.
R) São distintas as concepções teológicas sobre religião, Igreja, Encarnação, Graça, imagens, escatologia, Sacramentos, culto dos Santos, infalibilidade, Estado religioso...
II ) Diferenças Especiais:
Além disso, subsistem algumas diferenças disciplinares ou litúrgicas que não transferem dogma à doutrina. São, nomeadamente, as seguintes:
1-Nos templos da Igreja Ortodoxa só se permitem ícones.
2-Os sacerdotes ortodoxos podem optar livremente entre o celibato e o casamento.
3-O batismo é por imersão.
4-No Sacrifício Eucarístico, na Igreja Ortodoxa, usa-se pão com levedura; na Romana, sem levedura.
5-Os calendários ortodoxo e romano são diferentes, especialmente, quanto à Páscoa da Ressurreição.
6- Na Igreja Ortodoxa, a comunhão dos fiéis é efetuada com pão e vinho; na Católica, somente com pão.
7-Na Igreja Ortodoxa, não existem as devoções ao Sagrado Coração de Jesus, Corpus Christi, Via Crucis, Rosário, Cristo-Rei, Imaculado Coração de Maria e outras comemorações análogas.
8-O processo da canonização de um santo é diferente na Igreja Ortodoxa; nele, a maior parte do povo participa no reconhecimento do seu estado de santidade.
9-Existem, somente, três ordens menores na Igreja Ortodoxa: leitor, acólito e sub-diácono; na Católica, quatro: ostiário, leitor, exorcista e acólito.
10-O Santo Mirão e a Comunhão na Igreja Ortodoxa efetuam-se imediatamente após o Batismo.
11-Na fórmula da absolvição dos pecados no Sacramento da Confissão, o sacerdote ortodoxo absolve não em seu próprio nome, mas em nome de Deus - "Deus te absolve de teus pecados"; na Católica, o sacerdote absolve em seu próprio nome, como representante de Deus - "Ego absolvo a peccatis tuis...."
12-A Ortodoxia não admite o poder temporal da Igreja; na Católica, é um dogma de fé tal doutrina.
III ) Os Dez Mandamentos
A Santa Igreja Católica Apostólica Ortodoxa conservou os dez mandamentos da Lei de Deus na sua forma original, sem a menor alteração. O mesmo não sucedeu com o texto adotado pela Igreja Católica Apostólica Romana, no qual os dez mandamentos foram arbitrariamente alterados, tendo sido totalmente eliminado o segundo mandamento e o último dividido em duas partes, formando dois mandamentos distintos. Esta alteração da Verdade constitui um dos maiores erros teológicos desde que a Igreja Católica cindiu a união da Santa Igreja Ortodoxa no século XI. Esta modificação nos dez mandamentos, introduzidos pelos papas romanos, foi motivada pelo Renascimento das artes. Os célebres escultores daquela época tiveram um amplo leque de atividades artísticas, originando obras de grande valor. Não obstante, as esculturas representando Deus, a Santíssima Virgem Maria, os santos e os anjos estavam em completo desacordo com o segundo mandamento de Deus. Havia, pois, duas alternativas, ou impedir a criação de estátuas ou suprimir o segundo mandamento. Os papas escolheram esta última solução, caindo em grave erro.
9.º) QUAIS SÃO AS DIFERENÇAS EXISTENTES ENTRE AS IGREJAS OCIDENTAL E ORIENTAL, QUANTO AO FILIOQUE?
"Filioque" significa "e do Filho" e representa uma afirmação teológica introduzida abusivamente pelo Ocidente no texto original do Credo de Niceia-Constantinopla. Essa interpretação abusiva começou por ser feita em Espanha, nos Concílios de Toledo dos séculos VI e VII e , mais tarde, generalizou-se a todo o Ocidente.
Vejamos o que diz o texto original do Credo: "Creio no Espírito Santo (...) que procede do Pai, e com o Pai e o Filho recebe a mesma adoração e a mesma glória". Portanto, temos uma afirmação muito clara de que:
§ O Pai, criador de todas as coisas, gerou o Filho e espirou o Espírito Santo
§ Tanto o Pai, como o Filho, como o Espírito Santo, são adorados e glorificados do mesmo modo; isto é, nós, cristãos, adoramos e glorificamos uma Trindade perfeita, três Pessoas num só Deus.
Ao alterar esse texto, aprovado por todos os Padres conciliares e inspirados pelo Espírito Santo, a Igreja Romana impôs aos seus fiéis a seguinte modificação:
"Creio no Espírito Santo (...) que procede do Pai e do Filho ('Filioque')"
Isto significa que o Espírito Santo é visto como uma terceira Pessoa "diminuída" em relação ao Pai e ao Filho. Como se o Espírito Santo já não devesse ser adorado e glorificado do mesmo modo e com a mesma fé com que o são o Pai e o Filho....
Para quem está fora e não vive intensamente a presença ativa da Santíssima Trindade em todos os atos da vida cristã, pode parecer que esta questão do "Filioque" é um simples jogo de palavras.
Pensar assim é cair num erro grave: o de acreditar que em matéria tão fundamental como a Teologia há questões de "pormenor" que os teólogos se entretêm a discutir...
Mas pior do que isso é ignorar que os Concílios Ecumênicos proibiram formalmente que fossem introduzidas quaisquer modificações no Credo, precisamente porque o Credo é patrimônio espiritual comum de toda a Igreja e uma parte da Igreja não tem o direito de o alterar. Assim, o Ocidente, alterando arbitrariamente o Credo sem consultar as Igrejas Irmãs do Oriente, tornou-se culpado de <"fratricídio moral"> (como, lembrava um teólogo russo do séc XIX, Dimitri Khomiakov), isto é, de pecado contra a unidade da Igreja, contra a fé católica que é conciliar.
Como diria outro teólogo, Vladimir Lossky, a controvérsia sobre o "Filioque" incidia, afinal, sobre o fato de que <"pelo dogma do 'Filioque', o Deus dos filósofos e dos sábios tomou o lugar do Deus vivo... A essência incognoscível do Pai, do Filho e do Espírito Santo recebe qualificações positivas, torna-se objeto de uma teologia natural, relativa a 'Deus em geral', que pode ser o Deus de Descartes ou o de Leibnitz, ou mesmo, até certo ponto, o de Voltaire e dos deístas descristianizados do séc. XVIII"> - mas não é certamente o Deus Tri-único que os santos mártires proclamaram com o seu sangue. Ora é esta a acepção da Santíssima Trindade que a Santa Igreja Ortodoxa igualmente proclama desde os Apóstolos até hoje e para sempre.
10.º) ONDE SE ENCONTRAM AS FONTES DA DOUTRINA DA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ORTODOXA?
As fontes de onde extraímos a nossa Fé Ortodoxa são duas: a Sagrada Escritura e Santa Tradição. A revelação dada por Deus ao homem sobre o que deve crer e praticar para agradar a Deus e conseguir sua salvação eterna se acham unicamente nestas duas fontes.
1ª - A Sagrada Tradição - A única que interpreta e ensina esta Revelação é a Igreja, pois, assim estabeleceu Nosso Senhor Jesus Cristo e, é uma prova de segurança de que estamos na Verdade, pois Jesus Cristo prometeu sua assistência a seus Apóstolos e a sua Igreja.
2ª - As Sagradas Escrituras - A Bíblia é a Palavra de Deus revelada aos homens por meio dos patriarcas, profetas (V.T.) e apóstolos (N.T.), ou os escritos do Antigo e Novo Testamento.
11.º) PODEMOS RESUMIR O QUE FOI DITO? 
A Igreja Católica Apostólica Ortodoxa viu a Luz lá na Palestina, com Jesus Cristo, expandiu-se com os Apóstolos e cimentou-se sobre o sangue dos mártires.
A Igreja Católica Apostólica Ortodoxa não morreu, porque descansa sobre Jesus Cristo e tem a promessa de que existirá até os confins dos séculos. Em vão seus inimigos e todos os impiedosos trataram de destruí-la, de negá-la ou de perseguí-la.
A Igreja Católica Apostólica Ortodoxa, à semelhança de seu Divino Mestre e fundador Jesus Cristo, desde seu nascimento mesmo, no ano 33 d.C. padeceu e sofreu terríveis perseguições sob o Império Romano, passando pelos otomanos e até nossos dias sofre a mais violenta das perseguições daqueles que se omitem em querer conhecê-la.
O Sangue de infinidade de mártires havia selado e provado ao mundo a sublimidade de seu amor e perfeição e a verdade de sua Doutrina Divina.
Apesar de tudo, sempre subsistiu e triunfou. Ela vive e viverá eternamente em Cristo e seguirá confiante em suas palavras: "Eu estarei no meio de vós até a consumação dos séculos. As portas do inferno não prevalecerão contra Ela".
ONDE SE ENCONTRA MANIFESTA: NA SAGRADA ESCRITURA?
NA TRADIÇÃO APOSTÓLICA?
A TRADIÇÃO,encontramo-la manifestada em: 1.o - Os sete Concílios Ecumênicos;2.o - Os Santos Padres e Escritores Cristãos;3.o - Símbolo dos Apóstolos;4.o - Símbolo Niceno-Constantinopolitano;5.o - As Liturgias da Igreja;6.o - O Magistério Permanente da Igreja;7.o - A Legislação Eclesiástica.
A Ortodoxia é a Igreja de Cristo sobre a terra. A Igreja de Cristo não é só uma instituição, mas uma vida nova com Cristo e em Cristo dirigida pelo Espírito Santo.

12.º) QUEM SÃO OS SANTOS PADRES?
Desde os primeiros séculos do Cristianismo houve grandes pensadores que puseram sua inteligência a serviço de Cristo e sua doutrina. Tais personagens vazaram sua ciência e profundos conhecimentos em escritos, onde explicavam a nova Fé e a defendiam dos ataques de seus inimigos e hereges. Sempre na Igreja de Jesus Cristo, houve hereges e heresias: Docetas, Gnósticos, Arianos, Eutiquianos, Monotelistas, Maniqueus, Iconoclastas,... que a Igreja condenou, em vários Concílios, estabelecendo a verdadeira Fé. Entre os principais escritores e expositores do cristianismo primitivo temos dois grupos: os Padres Apostólicos, sucessores imediatos dos Apóstolos e os Grandes escritores: a Didaquê, o Pastor de Hermas, Santo Inácio, São Policarpo, Papias, etc, e os Santos Padres, que defenderam e sistematizaram a verdadeira doutrina da Igreja Católica Apostólica Ortodoxa, como: São Basílio, o Grande, São João Crisóstomo, São Cirilo de Alexandria, São Cirilo de Jerusalém, São Gregório Nazianzeno, São Gregório de Nissa, Orígenes e Santo Éfrem, o Siríaco, o historiador Eusébio, São João Damasceno, que foi o primeiro a compendiar de modo sistemático toda a Teologia Ortodoxa; no Ocidente encontramos os seguintes Santos Padres: Santo Agostinho de Hipona, São Jerônimo, Santo Ambrósio, Santo Hilário de Poitiers, São Gregório Magno, São Leão Magno, etc. O período desta era patrística cristã abrange desde o ano 100 até o ano 900 d.C..
A Igreja tem grande veneração por esses sábios, tanto por sua santidade como por sua ciência, constituindo-os testemunhos verídicos e inquestionáveis do primitivo cristianismo, junto com os Concílios, a principal fonte da Tradição Divina e Apostólica.
13.º) O QUE QUER DIZER: A IGREJA É UMA VIDA MISTERIOSA EM CRISTO?
A Ortodoxia é a Igreja de Cristo sobre a terra, é uma nova vida com Cristo e em Cristo, dirigida pelo Espírito Santo. A luz da ressurreição de Cristo reina sobre a Igreja e a alegria da ressurreição, do triunfo sobre a morte, compenetra-se n'Ela. O Senhor ressuscitado vive conosco e nossa vida na Igreja é uma vida misteriosa em Cristo.
Os "Cristãos" levam este nome precisamente porque eles são de Cristo; eles vivem em Cristo e Cristo vive neles.
A encarnação não é unicamente uma idéia ou uma doutrina; é antes de tudo um fato que se produziu uma vez no tempo, mas que possui toda a força da eternidade. E esta Encarnação perpetua, sem confusão, as duas naturezas: a natureza Divina e a natureza humana, que forma a Igreja.
14.º) O QUE QUER DIZER: A IGREJA É O CORPO MÍSTICO DE CRISTO?

A Igreja é o Corpo Místico de Cristo, enquanto unidade de vida com Ele.
Expressa-se a mesma idéia quando se dá à Igreja o nome de Esposa de Cristo ou Esposa do Verbo. A Igreja, enquanto Corpo de Cristo não é Cristo-Deus-homem, pois Ela não é mais que sua humanidade; mas é a vida em Cristo e com Cristo, a vida de Cristo em nós: "Não sou mais eu quem vive, é Cristo que vive em mim" (Gl 2,20).
A Igreja, em sua qualidade de Corpo de Cristo, que vive da vida de Cristo, é por Ele mesmo o domínio, onde está presente e onde opera o Divino Espírito Santo, porque Ela é o Corpo de Cristo. Eis aqui, porque se pode definir a Igreja como uma vida bendita no Espírito Santo: diz-se algumas vezes também, que Ela é o Espírito Santo, que vive na humanidade. A Igreja é a obra da Encarnação do Verbo, Ela é Encarnação: Deus se assimila à natureza humana se assimila à natureza divina. É a deificação (Zeosis) da natureza humana, conseqüência da união de duas naturezas em Cristo. Então, a Igreja é o Corpo de Cristo: pela Igreja nós participamos da vida divina da Santíssima Trindade. Ela é a vida em Cristo, logo, a Igreja é o Corpo de Cristo, que permanece indissoluvelmente unida à Santíssima Trindade.
15.º) O QUE QUER DIZER: A IGREJA EXISTE EM NÓS?
A Igreja é uma experiência de vida. "Vinde e vede": não se concebe a Igreja só como instituição a que pertencem os batizados, mas uma experiência de vida onde os batizados encontram com o Pai, onde os cristãos vêm glorificar, render graças e pedir a ajuda deste Pai carinhoso pronto a ajudar os filhos. A essência da Igreja é a vida divina, revelando-se na vida das criaturas.
A Igreja pela Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo e pela força do Espírito Santo em Pentecostes, transmite a vida espiritual, escondida no "homem secreto", na "câmara interior" do seu coração.
16.º) A IGREJA É UM MISTÉRIO E UM SACRAMENTO?
A vida da Igreja é a vida da fé, pela qual as coisas deste mundo se tornam transparentes, existe por sobre a natureza, é compatível com a idéia deste mundo, fazendo dela um objeto de fé. "Eu creio na Santa Igreja Católica e Apostólica". O homem por ela se torna universal, sua vida em Deus se une à vida de toda a criação, escortina-se para o amor cósmico. Esta Igreja, que une não somente os vivos, mas, também os mortos, as hierarquias dos anjos do mundo e do homem. Ela se perde na eternidade - Eu estarei convosco até os confins dos séculos. Certamente a Igreja não alcança a plenitude de sua existência a não ser depois da Encarnação do Verbo, mas foi concebida pelo Verbo e foi fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo. A vida indivisível da Igreja, a vida da fé, está indissoluvelmente unida às formas terrestres.
Ela tem um começo na história e estabeleceu a "Nova Aliança" entre Deus e os homens (Arc. Sergio Boulgakoff - L'Ortodoxie - Cap. 1 Sous le titre "L'Église). Por isso, tem o poder de proclamar a Verdade.
Os Concílios são, antes de tudo, a expressão tangível do espírito de "conciliaridade", e a realização da Igreja, de sua verdade.
Não é necessário considerar um Concílio como uma instituição toda exterior, que proclama por via de autoridade uma lei divina ou eclesiástica, uma verdade por outra parte inacessível aos membros isolados da Igreja. É necessário recordar sempre que o Concílio, seja ou não ecumênico, não mais que um órgão exterior, estabelecido para a proclamação infalível da verdade e instituído para ele. Este princípio nos levaria a concluir que a Igreja, antes dos Concílios e sem Concílios, é "Católica e infalível". Ela subordinaria a um ato externo, tal qual assembléia eclesiástica, à ação do Espírito Santo. Só a Igreja pode dar testemunho da verdade e conhecê-la em sua "Conciliaridade", em sua identidade em si mesma. A quem pertence o poder de proclamar a verdade doutrinal? Ao poder eclesiástico, combinado entre os irmãos do episcopado. Mas esta proclamação, o órgão do poder eclesiástico não se torna por si mesmo o possuidor da infalibilidade.
Este não pertence mais que à Igreja em sua ecumenicidade. O poder eclesiástico (Concílio dos Bispos) é o órgão legal da proclamação da verdade e que é a consciência mesma da Igreja, expressão da verdade.
Ele, o Concílio se torna de alguma maneira de um todo, em prol de todos (Sergio Boulgakoff, cap. III, La Hierarchie Eclesiastique - L'Orthodoxie).


17.º) COMO SABEMOS DAS RESOLUÇÕES DA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ORTODOXA? 

Para responder a essa pergunta devemos reunir as seguintes fontes de informações:
- As Sagradas Escrituras;
- O Direito Apostólico (Nomocanon: Regras da lei);
- As disposições e artigos dos Concílios Ecumênicos;
- As disposições eclesiásticas permanentes.
A Igreja Católica Apostólica Ortodoxa, para sua reta organização e administração, possui seu Direito Canônico Ortodoxo, chamado Nomocanon, órgão que regula seu funcionamento.
O Direito Canônico: "ensinai aos homens a observar tudo aquilo que Eu os vos tenho ensinado" (Mt 28,20). É por sua divina constituição que a Igreja, como guardiã da Lei Divina, tem o direito de estabelecer cânones (canon Regra), de julgar e se necessário de julgar e de aplicar sanções: "Quem vos escuta, a Mim escuta; quem vos despreza, a Mim despreza" (Lc 10,16).
Desde suas origens, a Igreja tem consciência de sua responsabilidade e de sua ordem histórica: o Concílio de Jerusalém regulou as questões relativas aos cristãos de origem judaica (At 15,22).
São Paulo se refere às questões das assembléias, às qualidades requeridas pelos bispos, ao uso dos carismas. Durante os três primeiros séculos, a Igreja empregou o direito de resolver as questões eclesiásticas e esse costume se encontra na Didaquê (fim do séc. 1.o e princípio do século 2.o), a tradição apostólica de Hipólito (princípio do séc. 3.o), a Didascália dos Apóstolos (até o ano 250), as constituições Apostólicas (até 380).
18.º) O QUE TEMOS AINDA COMO HISTÓRIA DA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ORTODOXA? 

Com o Século IV, a Igreja entra no tempo dos Concílios regulares. Muitas coleções nos dão os históricos dos Cânones (por exemplo a Coleção de João, o Escolástico, no ano 550). A harmonia dos poderes da Igreja e do Império, explica a presença do Direito Eclesiástico, nas coleções jurídicas do Império de Teodósio ou de Justiniano (Digesto Novas, etc.). Mais tarde, apareceram os trabalhos dos canonistas Balsamon, Zonares, etc..
A Ortodoxia não possui um código unificado, mas tem códigos locais que remontam à Idade Média.
Na Igreja Católica Apostólica Ortodoxa a autoridade máxima se constitui no Concílio Ecumênico, cujas decisões abrangem toda a Igreja de Cristo. A infalibilidade se acha na Igreja inteira, representada na reunião de todos os bispos em concílio. Historicamente, o período dos Concílios Ecumênicos representa para os ortodoxos um período "normativo".
A Igreja Católica Apostólica Ortodoxa reconhece sete Concílios Ecumênicos:
CONCÍLIOS Ano d.C. DOUTRINA
1.o - Nicéia 325 Divindade de Jesus Cristo. Condenação de Ários
2.o - Constantinopla I 381 Divindade do Espírito Santo. Condenação de Macedônio
3.o - Éfeso 431 Maternidade Divina de Maria. Condenação de Nestório.Em Cristo uma Hipóstase, a Divina.
4.o - Calcedônia 451 Dualidade da natureza em Jesus Cristo:Condenação de Eutiques, que ensinava o monofisismo.
5.o - Constantinopla II 553 Condenou as obras escritas pelos seguidores do herege Nestório.
6.o - Constantinopla III 680 Dualidade de Vontades em Jesus Cristo, não contrariadasuma pela outra, mas a vontade humana sujeita à vontade Divina.Condenação do Monotelatismo.
7.o - Nicéia II 787 Condenação do Iconoclasmo.
No 7.o Concílio Ecumênico, o de Nicéia II (787), definiu-se a doutrina Ortodoxa das imagens (Ícones).

19.º) POR QUE A IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ORTODOXA SE EMPRESTA TANTO VALOR AO CONCÍLIO ECUMÊNICO?
O Concílio local é uma reunião de pastores e doutores da Igreja, mas não de todo mundo cristão. O valor Concílio Ecumênico é universal.
Os Santos Apóstolos deram o primeiro exemplo destas reuniões, comparecendo ao primeiro Concílio Apostólico em Jerusalém, presidido por São Tiago Apóstolo. A Igreja é uma reunião de crentes unidos na comunhão da fé Ortodoxa, na Legislação Divina, na sagrada instituição do Sacerdócio e nos Sagrados Sacramentos.
Temos a certeza de que Nosso Senhor Jesus Cristo é o único cabeça da Igreja, porque assim nos ensina São Paulo.: "Porque ninguém pode por outro fundamento, fora aquele que já está posto, o qual é Jesus Cristo" (I Cor 3,11).
20.º) E A ORTODOXIA HOJE?
A Igreja Católica Apostólica Ortodoxa é Una, porque é um só corpo espiritual, tem um só cabeça, Jesus Cristo, está animada por um só Espírito de Deus. A unidade se expressa na mesma fé, na Comunhão, nas orações e nos Sacramentos. É Santa como sua base: Nosso Senhor Jesus Cristo, e porque nela mora o Espírito Santo, que a santifica, e porque frutos santos. É Católica, Universal ou Ecumênica: abrange a todos os fiéis, de todos os lugares, de todos os povos ou regiões. Está aberta para todo aquele que deseja se unir a Ela (Mt 28,18-12). É Apostólica, porque conserva sem interrupção a doutrina de Jesus Cristo, e dos Dons do Espírito Santo, desde os tempos dos Apóstolos.
Hoje a Igreja Católica Apostólica Ortodoxa renasceu, com novos impulsos, dando as nações da terra. A pentarquia ainda se constitui dos Patriarcados de Jerusalém, Alexandria, Antioquia e Constantinopla...
21.º) EM QUE ESTÁ BASEADA A DOUTRINA DA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ORTODOXA?

A Igreja crê nas verdades que a Ortodoxia ensina e se acham contidas no Credo Niceno-Constantinopolitano, onde se afirma:
Credo Niceno-Constantinopolitano
1.o Creio em Um só Deus, Pai Onipotente, Criador do Céu e da terra, de tudo o que visível e invisível;
2.o E em um só Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos. Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus Verdadeiro, gerado e não criado, Consubstancial ao Pai, por quem foram feitas todas as coisas;
3.o Que desceu dos Céus por causa de nós homens, e para a nossa salvação; e encarnou-se pelo Espírito Santo, na Virgem Maria e se fez homem;
4.o E foi crucificado por nossa causa, sob o poder de Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado.
5.o E ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.
6.o E subiu aos céus e sentou-se à direita do Pai.
7.o E novamente virá com glória, para julgar os vivos e os mortos e cujo Reino não terá fim.
8.o E no Espírito Santo, Senhor Vivificante, que do Pai procede e que é com o Pai e o Filho adorado e glorificado, e que falou pelos profetas;
9.o E em Uma Igreja, Santa, Católica e Apostólica;
10.o Confesso, também, um só Batismo para remissão dos pecados;
11.o E espero a ressurreição dos mortos;
12.o E a vida do século futuro. AMÉM.
22.º) EM QUE A IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ORTODOXA CRÊ, SEGUNDO O CREDO POR ELA PROFESSADO?

Dados Históricos
O Credo que nós vamos explicar aqui, foi composto pelos Pais do primeiro e do segundo Concílio Ecumênico.
No primeiro Concílio Ecumênico, foram escritas as primeiras sete componentes do credo. No segundo, foram escritas as cinco restantes. O primeiro concílio ecumênico deu-se na cidade de Nicéia, no ano 325 da era cristã, com a finalidade de aprovar o ensinamento dos apóstolos sobre o Filho de Deus contra o ensinamento de Ario, que considerava que o Filho de Deus fora criado pelo Pai e por isso não é o verdadeiro Deus. O segundo concílio ecumênico, deu-se na cidade de Constantinopla, no ano 381 D.C., para aprovar o ensinamento dos apóstolos contra o falso (ensinamento) de Macedônio que rejeitava o valor Divino do Espírito Santo. Segundo as duas cidades onde se deram esses concílios, o Credo chama-se "Niceo-Constantinopolitano."
O Credo consiste em 12 partes: a primeira fala de Deus Pai, da segunda à sétima fala-se de Deus Filho, a oitava fala de Deus Espírito Santo, a nona fala da Igreja, a décima do Batismo, a décima-primeira e a décima-segunda - da ressurreição dos mortos e da vida eterna.
O Significado da Palavra Latina “Credo”
A palavra latina credo, significa "creio." Na Igreja Ortodoxa, o credo é geralmente chamado de Símbolo da Fé, que significa "expressão" ou "confissão" da fé.
O Credo é uma oração onde está redigida, breve e concretamente a verdade fundamental da religião ortodoxa.
Uma pessoa sem fé, é como um cego. A fé dá à pessoa uma visão espiritual, para ajudá-la a perceber o sentido do que acontece à sua volta; como e porque tudo foi criado, qual é o objetivo da vida, o que está correto e o que não está e para o que devemos nos empenhar.
Desde os tempos antigos, os cristãos têm usado o credo para serem lembrados sobre os fundamentos da Fé Ortodoxa. Na igreja antiga, existiam vários credos, mas eram curtos. Porém, no século IV, apareceram ensinamentos falsos sobre o Filho de Deus e o Espírito Santo. Então, foi necessário completar todos estes credos e definir mais claramente os ensinamentos da Igreja.

O Credo, Dividido em Doze Partes
1. Creio em um só Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis.
2. E em um só Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, Unigênito, nascido do Pai antes de todos os séculos: Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai, por Ele todas as coisas foram feitas.
3. Por nós homens, e pela nossa Salvação, desceu dos Céus e encarnou pelo Espírito Santo e pela Virgem Maria e se fez homem.
4. Foi crucificado por nós sob Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado.
5. E ressuscitou ao terceiro dia conforme as escrituras,
6. subiu aos Céus, e se sentou à direita do Pai.
7. De novo há de vir em Sua glória, para julgar os vivos e os mortos, e o Seu Reino não terá fim.
8. E no Espírito Santo, Senhor que dá vida, procede do Pai e com o Pai e o Filho, é igualmente adorado e glorificado, e que falou pelos profetas.
9. Na Igreja uma, santa, católica e apostólica.
10. Professo um só batismo, para remissão dos pecados.
11. Espero a ressurreição dos mortos,
12. e a vida do século futuro. Amém.
Em Que Nós Cremos Segundo o Credo?
Nós começamos o credo com a palavra "creio," porque a essência das nossas convicções religiosas não se baseia numa experiência exterior, mas sim na recepção das verdades oferecidas por Deus. Os objetos ou fenômenos do mundo espertou não podem ser verificados em laboratório nem se podem provar pelo meio de uma lógica - eles entram na esfera da experiência religiosa individual de cada pessoa. Porém, quanto mais uma pessoa progride na sua vida espiritual, por exemplo: quanto mais ela reza, pensa em Deus e pratica boas ações, mais evolui a sua experiência religiosa e mais claras e evidentes se tornam para ela as verdades da religião. Deste modo, a fé para uma pessoa crente torna-se um objeto da sua experiência individual.
I - Cremos: que Deus é a plenitude da perfeição: Ele é o Espírito inteiramente perfeito, eterno, Todo-poderoso e Sábio. Deus está em todo lado, vê e sabe tudo mesmo antes que algo aconteça, Ele é infinitamente bom, justo e santíssimo. Ele não tem necessidade de nada e é a razão principal de tudo o que existe.
II - Cremos: que Deus é uno no Seu ser e tríade de pessoas (isto é, o verdadeiro Deus apareceu a nós como o Pai, o Filho e o Espírito Santo), que é a Trindade, consubstancial e inseparável. O Pai não nasce nem provem de outra Pessoa (da Trindade), o Filho nasceu do Pai antes dos séculos, e o Espírito Santo provem do Pai antes dos séculos.
III - Cremos: que todas as Pessoas ou hipóstases de Deus, são iguais entre si na perfeição, grandeza, poder e glória Divina, ou seja, - nós cremos que o Pai é o Deus verdadeiro e perfeito, e que o Filho é o Deus verdadeiro e perfeito, e que o Espírito Santo é o Deus verdadeiro e perfeito. Por isso, nas orações nós louvamos ao mesmo tempo o Pai, o Filho e o Espírito Santo como um só Deus.
IV - Cremos: que todo o mundo invisível e visível foi criado por Deus. Primeiro, Deus criou o mundo invisível, o grande mundo dos anjos ou, como se diz (na Bíblia "céu)," depois, criou o nosso mundo material ou físico (na Bíblia - "terra"). Deus criou o mundo físico do nada, contudo não foi de repente, mas pouco a pouco, durante períodos de tempo que na Bíblia se chamam "dias." Deus criou o mundo sem ter indispensabilidade ou necessidade dele, mas pela sua benevolência, para que outros seres criados por Ele desfrutem da vida. Sendo infinitamente bom, Ele criou tudo bom. O mal no mundo provém do abuso da livre vontade que Deus deu aos anjos e as pessoas. Assim, por exemplo, o diabo e os seus demônios antes eram anjos bons, mas eles se revoltaram contra Deus e se tornaram maus. Daí, foram expulsos do paraíso e formaram o seu próprio reino do mal que se chama "inferno." Desde esse tempo eles incitam as pessoas a pecar e são os inimigos da nossa salvação.
V - Cremos: que Deus tem tudo em Seu poder, ou seja, que Ele dirige tudo e leva tudo para um bom destino. Deus ama-nos e preocupa-se conosco como uma mãe com o seu filho. Por isso, nenhum mal pode acontecer à pessoa que confia em Deus.
VI - Cremos: que o Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, pela nossa salvação, desceu dos céus e encarnou pelo Espírito Santo e pela Virgem Maria. Sendo Deus desde a infinidade, nos dias do Rei Herodes tomou a nossa natureza humana, - a alma e o corpo e por isso Ele é, ao mesmo tempo, o verdadeiro Deus e o verdadeiro Homem ou Deus-homem. Ele reúne na mesma pessoa duas naturezas, a Divina e a humana. Essas naturezas estarão Nele para sempre sem modificação, não se misturando nem se transformando numa outra natureza.
VII - Cremos: que o Senhor Jesus Cristo vivendo na terra, com o Seu ensinamento, exemplos e milagres, iluminou o mundo, ou seja, ensinou os homens em que é que eles devem acreditar e como devem viver para entrarem na vida eterna. Com as Suas orações ao Pai, com a absoluta realização da vontade Dele, com o Seu sofrimento e a morte na cruz Ele venceu o diabo, resgatou o mundo do pecado e da morte. Com a Sua ressurreição, Ele pôs início à nossa ressurreição. Subindo com o Seu corpo aos Céus, o que aconteceu no quadragésimo dia depois da ressurreição dos mortos, o Senhor Jesus Cristo se sentou "à direita do Deus Pai," ou seja, como Deus-homem, Ele tomou o mesmo poder com o Seu Pai e a partir daí comanda juntamente com Ele os destinos do mundo.
VIII - Cremos: que o Espírito Santo, provendo do Deus Pai desde o início do mundo, juntamente com o Pai e com o Filho dá existência e vida a todas as criaturas e dirige tudo. Ele é a fonte da abençoada vida espiritual tanto para os anjos como para as pessoas, e ao Espírito Santo deve-se honra e glória igualmente ao Pai e ao Filho. No Velho Testamento, o Espírito Santo falava através dos profetas, depois, no início do novo testamento Ele falava através dos apóstolos, e agora age na igreja cristã, direcionando os pastores da igreja e os cristãos ortodoxos para a verdade.
IX - Cremos: que Jesus Cristo para a salvação de todos os que crêem Nele, criou aqui na terra a Igreja enviando aos apóstolos o Espírito Santo no dia de Pentecostes. Desde então, o Espírito Santo permanece na igreja, nessa comunidade abençoada de cristãos com fé, e a guarda na pureza do ensinamento de Cristo. Além disso, a benção do Espírito Santo que permanece na Igreja, purifica os que se arrependem dos seus pecados, ajuda os crentes a progredir nas boas ações e os abençoa.
X - Cremos: que a Igreja é Una, Santa, Católica (Universal) e Apostólica. Ela é Una, porque todos os cristãos ortodoxos, mesmo pertencendo a diferentes igrejas do local, formam uma família juntamente com os anjos e os santos nos Céus. A união da Igreja baseia-se na união da fé e da benção. A Igreja é Santa, porque os seus filhos fiéis são santificados com a palavra de Deus, a oração e os sacramentos Sagrados. A igreja é Católica (Universal), porque está dedicada às pessoas de todos os tempos e de todas as nacionalidades. A Igreja é Apostólica, porque guarda o ensinamento dos apóstolos, recepção sacerdotal, que desde o tempo dos apóstolos até ao nosso tempo é passada de Bispo para Bispo no sacramento da Ordenação. Segundo a promessa do nosso Salvador, a Igreja permanecerá invencível pelos inimigos até ao final da existência do mundo.
XI - Cremos: que no sacramento do Batismo, se perdoam todos os pecados e que através desse sacramento a pessoa se torna membro da igreja, ao qual está aberto o caminho para outros dos seus sacramentos salvadores. No sacramento da Crisma, é dada ao crente a benção do Espírito Santo; no sacramento da penitência ou Confissão são perdoados os pecados cometidos na idade madura; no sacramento da Comunhão que acontece durante a Liturgia, os crentes comungam o verdadeiro Sangue e Corpo de Cristo; no sacramento do Matrimônio, estabelece-se uma união inseparável entre o marido e a mulher; no sacramento da Ordenação, os servidores da igreja, sacerdotes diáconos e bispos são ordenados para servir a Igreja; no sacramento da Unção, é oferecida a cura à doenças espirituais e físicas.
XII - Cremos: que antes do fim do mundo, Jesus Cristo, acompanhado pelos anjos virá de novo à terra em glória. E então, todos pela Sua palavra ressuscitarão, ou seja, acontecerá o milagre no qual as almas das pessoas mortas voltarão para os corpos que lhes pertenciam antes de morrerem, e todas elas voltarão à vida. Durante a ressurreição dos corpos dos justos, tanto os ressuscitados como os vivos se renovarão e serão espiritualizados, como o corpo ressuscitado de Cristo. Depois da ressurreição, todas as pessoas comparecerão ao Julgamento de Deus, para que cada uma receba segundo o que fez enquanto viveu no seu corpo, o bem ou o mal. Depois do Julgamento, os pecadores que não se arrependeram, irão para o martírio eterno, - e os justos para a vida eterna. Assim começará o Reino de Cristo que não terá fim.
Com uma só palavra, "Amém," testemunhamos o fato de que recebemos de todo o coração e que consideramos verdadeira essa profecia da religião Ortodoxa.
O Credo é lido pela pessoa que recebe o batismo, durante a realização desse sacramento. No batismo de um bebê, o Credo é lido pelos padrinhos. Além disso, o Credo é cantado na igreja durante a Liturgia e deve ser lido todos os dias nas orações da manhã. Uma leitura atenciosa do Credo tem grande influência na nossa fé. Isso acontece porque o credo não é apenas uma fórmula da religião, mas é uma oração. Dizendo a palavra "creio," com disposição para a oração, e as outras palavras do credo, nós damos vida e fortificamos a nossa fé em Deus e em todas as verdades que o credo contém. É por isso que é tão importante para um cristão ortodoxo ler o Credo todos os dias, ou pelo menos regularmente.

23.º) O QUE É LITURGIA? E POR QUE OS CRISTÃOS ORTODOXOS ASSISTEM À LITURGIA, NORMALMENTE, DE PÉ?

O que é Liturgia? Certamente mais do que nos livros e nas revistas, é na vida de todos os dias que se pode compreender o que significa ser cristão ortodoxo; em especial na Liturgia, celebração comunitária do Mistério da Eucaristia, talvez porque a Ortodoxia vê na Igreja uma comunidade eucarística que realiza os seus objetivos quando celebra a Ceia do Senhor, recebendo o Seu Corpo e o Seu Sangue através dos Sacramentos.
Como dizia um Santo do século XV, S. José de Volokalamsk, podemos rezar em nossas casas, na intimidade dos nossos quartos, "mas nunca rezaremos como na igreja (...) onde os cânticos de muitas vozes se erguem unidos para Deus, onde todos têm um só pensamento e uma só voz na unidade do Amor (...) No alto os Serafins proclamam o Trisagion; aqui em baixo a multidão humana canta o mesmo hino. Céu e Terra festejam juntos em ação de graças, em felicidade, em alegria".
O Céu e a Terra estão juntos na Liturgia - foi esta mesma sensação que tiveram os emissários do Príncipe russo Vladimir quando este, ainda pagão, quis saber qual era a verdadeira religião e os enviou aos diversos pontos da Terra: aos muçulmanos, aos cristãos da Germânia e de Roma e, por fim, a Constantinopla. Nesta última cidade, capital do Império bizantino, os emissários de Vladimir assistiram à Liturgia celebrada na Catedral de Santa Sofia. E contaram o que viram nestes termos: "Não sabíamos se estávamos no Céu ou na Terra, porque seguramente não existe tal esplendor ou beleza sobre a Terra. Não te podemos descrever o que vimos: só sabemos que Deus habita lá entre os homens, e que o seu serviço ultrapassa a adoração que se faz em todos os outros lugares. Porque não podemos esquecer tanta beleza".
Tal como os emissários do Príncipe Vladimir de Kiev (o futuro São Vladimir) nós podemos hoje dizer que a Liturgia celebrada nas igrejas ortodoxas é o próprio Céu na Terra - é o Reino dos Céus vivido antecipadamente neste mesmo momento.
De fato, cada vez que se celebra uma Liturgia é toda a Igreja que nela está presente: os Santos, os Anjos, a Mãe de Deus e o próprio Senhor Jesus Cristo. Para São Máximo o Confessor, a Liturgia representa simbolicamente a ação da Providência divina na nossa salvação. Assim, a Pequena Entrada, nas Liturgias segundo São João Crisóstomo ou segundo São Basílio, significa a primeira vinda do Senhor; a subida do celebrante (o Bispo) ao Altar é a imagem da Ascensão de Cristo; a entrada dos fiéis simboliza a entrada dos Gentios na Igreja; o perdão dos pecados é o julgamento de Deus que revela a cada um, em particular, a vontade divina a seu respeito; os cânticos sagrados exprimem a alegria dos corações puros; as invocações de paz lembram a vida dos contemplativos após os combates da ascese; a Leitura do Evangelho, a descida do celebrante do trono, a saída dos catecúmenos e dos penitentes, o fechar das portas da igreja, simbolizam os atos do Juízo Final: a segunda vinda do Senhor, a separação dos eleitos e dos condenados, o desaparecimento do mundo visível.
Seguidamente, a entrada das Santas Espécies representa a revelação do Além; o beijo da Paz, a união de todas as almas em Deus efetuando-se progressivamente. A confissão da Fé (o Credo) é a grande ação de graças dos eleitos. O Sanctus é a elevação das almas para os coros dos Anjos que, na imobilidade do movimenta eterno em volta de Deus, bendizem e cantam a Trindade. O Pai Nosso representa a nossa filiação em Cristo, etc.
Sabendo tudo isto, compreendemos que mesmo nos períodos em que países e povos ortodoxos caíram sob o domínio dos infiéis e em que os cristãos se viram privados de escolas, de livros `e de toda a direção espiritual, a Liturgia foi o seu mestre e guia na Ortodoxia - via da salvação. Mas tudo isto, repetimos, não é algo que se aprenda nos livros. "Vinde e vede", diz Jesus aos Seus discípulos. "Vem e vê", diz Filipe a Natanael. Também nós diremos: "Vinde assistir a uma Liturgia ortodoxa e vereis como nós oramos. E assim entendereis o que somos e o que queremos."
Por que os cristãos ortodoxos assistem à Liturgia, normalmente, de pé? Aos domingos, o cristão ortodoxo participa na Sagrada Liturgia numa posição viril, hierática: de pé, virado para o Santuário, glorificando a Deus nessa posição.
Aos dias de semana, a participação na Sagrada Liturgia é feita igualmente de pé, mas o cristão ortodoxo prostra-se durante a Epiclese e antes de receber o Corpo e o Sangue de Cristo.
Estas diferenças de posições, reguladas por cânones aprovados em Concílios Ecumênicos, devem-se às próprias diferenças existentes entre os dias da semana e o Domingo, dia em que se comemora a Ressurreição de Cristo - ora na nossa ressurreição estaremos todos de pé, diante do Senhor. Quanto aos dias da semana, eles simbolizam o tempo da Queda - nesses dias, a prostração ("grande metanóia") simboliza a nossa humilhação diante de Deus - Pai, conscientes da nossa condição de pecadores arrependidos.
São Basílio explica-nos esta atitude pelas seguintes palavras: "Não é apenas porque ressuscitados em Cristo e devendo procurar as coisas do alto, que nós lembramos, nesse dia consagrado à Ressurreição, mantendo-nos de pé quando oramos, a graça que nos foi dada, mas porque esse dia se assemelha de qualquer modo à imagem do Mundo que há de vir. É por isso que (o domingo) está no começo dos dias e foi chamado por Moisés não primeiro mas único: "Houve uma noite e houve uma manhã, dia único" (Gen.1,5).
A Igreja Ortodoxa celebra uma só Liturgia ou existem vários Ritos? A Igreja Ortodoxa sempre respeitou as Liturgias locais, particulares, criadas pelas tradições de cada lugar e de cada povo. Portanto, não são de excluir as possibilidades de celebração de Liturgias próprias de cada Igreja local.
No entanto, quatro Liturgias são comuns a todas as Igrejas Ortodoxas espalhadas pelo Mundo: a Liturgia segundo São João Crisóstomo (a que celebramos normalmente aos domingos e dias de semana), a Liturgia segundo São Basílio (celebrada até dez vezes por ano, em certas festas), a Liturgia dos Dons Pré-santificados (às quartas e sextas feiras da Grande Quaresma e nalguns outros dias) e ainda a Liturgia segundo São Tiago (celebrada uma vez por ano, a 23 de Outubro, dia de São Tiago, no Patriarcado de Jerusalém).

24.º) A DIVINA LITURGIA (SACRIFÍCIO DA MISSA)?

A Eucaristia não é somente um Sacramento, mas também, um Sacrifício, em cujo cerimonial Jesus Cristo é oferecido como Vítima Propiciatória.
É o mesmo Sacrifício da própria Cruz, pelo qual Cristo correspondeu ao desejo do Eterno Pai, redimindo a humanidade, de seus pecados, porém, realizado, nos Altares, pelos Sacerdotes, de maneira incruenta, contudo real. Necessariamente, é o mesmo Sacrifício da Cruz. No centro é feita a Consagração do pão e do vinho, no Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Esta Consagração não se efetua só pelas palavras de Cristo, na Última Ceia: "Tomai e Comei; Bebei Todos...", mas ainda pela sua condição essencial que é a EPIKLESIS, ou oração de invocação ao Espírito Santo para que se realize a transmutação.
Portanto, a Consagração é realizada pela invocação das três Divinas Pessoas, toda a Trindade.

25.º) COMO E FEITO O SINAL DA SANTA CRUZ NA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ORTODOXA?
Por que afirmam que os cristãos ortodoxos se benzem ao contrário?
Os cristãos ortodoxos não se benzem ao "contrário". De fato, a Igreja Católica Apostólica Ortodoxa ensina os seus fiéis a benzerem-se de acordo com a Tradição que nos foi legada pelos nossos Pais na Fé. E o fato de nos benzermos desta ou de outra maneira também não é questão sem importância: é um conjunto de gestos cheios de significado e de simbolismo. Senão vejamos:
Quando nos benzemos, começamos por unir os três primeiros dedos da mão direita (a mão nobre), simbolizando a Trindade.
Depois, dizendo "Em Nome do Pai", tocamos com esses três dedos unidos primeiro a testa e, seguidamente, na zona da cintura, simbolizando que o Pai é o Criador do Céu e da Terra; em seguida, dizemos "e do Filho" e tocamos com os três dedos unidos no ombro direito - porque o Filho, Jesus Cristo, ressuscitou e sentou-se à direita do Pai; finalmente, dizemos "e do Espírito Santo" tocando com os três dedos unidos no ombro esquerdo - o Filho e o Espírito Santo são os dois "braços" do Pai agindo na Criação.
Deste modo, traçamos uma cruz sobre o nosso próprio corpo, afirmando, simultaneamente, a nossa fé na Santíssima Trindade e na essência de Cristo.
Convém ainda salientar que até ao século XI todos os cristãos, no Oriente e no Ocidente, se benziam como nós, Ortodoxos, o fazemos.
26.º) A ARTE SACRA NA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ORTODOXA - COMO E VISTA ?
O cristão ortodoxo adora Deus como Criador e representa através da iconografia, mostrando o trono do seu Senhor, as obras da sua imaginação criadora. As cores e os desenhos dos Ícones, o som dos cânticos sagrados, as cúpulas e os arcos dos edifícios dedicados à celebração do mistério divino não são um mero e útil estímulo para a Ortodoxia. Antes, formam uma parte integral e indispensável do culto, pois o homem é chamado a humanizar o mundo material e um dos meios à sua disposição é o poder transfigurador da arte.
A Tradição Ortodoxa incorporou a arte na sua vivência espiritual, na medida em que a Beleza é um dos nomes de Deus e onde há beleza há harmonia e Deus está presente. A Ortodoxia reconhece Deus como primeiro artista: "Deus disse: haja luz. E houve luz. E viu Deus que era boa a luz". Deus criou o mundo e viu que era bom! O Criador de todas as coisas fez sua obra e a contemplou, portanto a arte tem a função sagrada de nos transmitir uma verdade; desta decorre a beleza de uma obra. Nesse sentido, a Arte Sacra ocupa um lugar de primeira ordem como verdade teológica e como transfiguração deste mundo pelo reflexo do amor divino.
1 – Ícone: Imagem do Invisível
Os Ícones são característicos da Arte Sacra e Litúrgica da Igreja Oriental. Quando penetramos num templo ortodoxo imediatamente percebemos inumeráveis ícones por toda a Igreja.
É que o ícone é sinônimo de Arte Sacra Bizantina, onde teve sua origem e aperfeiçoamento, embora não esteja restrito a um lugar geográfico. Bizâncio irradiou esta arte por todo o império Cristão e hoje se encontra em todas as Igrejas Ortodoxas espalhadas pelo mundo. A atualidade do ícone é surpreendente. Há um movimento de redescoberta das fontes da Cristandade e o Ocidente Cristão cada dia se extasia e surpreende com as riquezas dos ícones. Estes têm lugar e papel importantíssimo para a espiritualidade ortodoxa que podemos compreender o lugar que ocupa o Ícone, já que não existe nada semelhante na tradição religiosa ocidental, seja na forma artística, seja no conteúdo espiritual.
De fato, para o Ocidente Cristão, o ícone é desconhecido e incompreensível até que se percebe sua função e sentido. É isto que nos propomos aqui, uma aproximação e penetração no mundo do Ícone.
2 – O que é um Ícone
Esta é uma indagação básica que se faz em geral. A palavra ícone vem do grego EIKÓN, que significa imagem, palavra com amplas aplicações e que no Ocidente é extensiva às figuras com volume ou estátuas que representam o Cristo ou os santos.
O Oriente Cristão não produz estátuas por considerar o volume como um passo para antropomorfizar a representação e deslizar para a idolatria. Um Ícone, portanto, é simplesmente uma imagem pintada sobre a madeira, com técnica muito especial e de acordo com cânones bem definidos quanto ao tema, composição, cor, harmonia que se pretende pintar.
3 – O que não é um Ícone
Para o Cristão ortodoxo é difícil definir o que é um ícone, porque para eles o ícone é uma experiência pessoal, a contemplação através da pintura. Portanto, só podemos defini-lo negativamente, ou seja, não é um retrato, não se pintam sentimentos ou emoções. Não se adora o ícone, não há risco de idolatrar a pintura, pois essa representa uma imagem - um protótipo, um modelo - na realidade, venera-se a pessoa representada , não o objeto em si.
O Ícone é uma presença misteriosa que não se define. O Ícone não é um simples estilo artístico nem um modo histórico de arte, não está preso a um tempo específico.
4 – Qual o Fundamento do Ícone
No Antigo Testamento Deus proibiu qualquer representação ou imagem divina (Ex.20). A pedagogia Divina levou os hebreus primeiro a escutar a voz de Deus (Dt. 4, 12-15). Começa aqui o início da experiência pessoal com Deus. Não se podia representar Deus porque Ele nunca fora visto por ninguém. Os homens são conduzidos e preparados para o encontro verdadeiro com Cristo, que nos revela a verdadeira imagem de Deus. "Cristo é a imagem de Deus invisível" (Col. 1, 15). É na Encarnação do Verbo de Deus feito homem que podemos pintar sua imagem. Sendo o ícone a revelação do Invisível, a Iconografia é aos olhos o que a palavra é para o ouvido.
5 – Qual a Função do Ícone?
O ícone tem uma função sacramental, na medida que reflete o divino, o atemporal e nos remete para a eternidade, da qual o ícone é uma janela.
O Ícone possui uma beleza que não reside na estética do quadro, mas sim na verdade teológica que nos comunica. Não tem nem sequer função didática de ensino religioso, embora possamos aprender com ele. O que o Evangelho proclama com a palavra, o Ícone o anuncia com cores e o faz presente. Nas palavras de São João Damasceno, "o Ícone é um canal de graça com poder santificador", na medida que nos comunica a Luz Divina, atributo da glória do Reino de Deus.
Diante do Ícone o recolhimento e o silêncio nos abrem à luz da transfiguração aos nossos olhos e nos permitem contemplar uma beleza que não é deste mundo.
O Ícone é um testemunho do Poder Santificador do Espírito Santo na santidade dos santos e a certeza de que os homens podem seguir a mesma trilha aberta por Cristo.
6 – História dos Ícones
É difícil definir quando começou a pintura de ícones. Uma tradição muito difundida atribui os primeiros ícones ao evangelista São Lucas, que sendo muito amigo da Virgem Maria, teria pintado vários ícones da Virgem, que gostou muito, abençoou e agradeceu.
Outra tradição relaciona os ícones com a imagem aerobita (Santa Face não pintada por mão humana) enviada por Cristo ao rei Abgar de Edessa. A lenda menciona que Abgar estava leproso e queria curar-se. Enviou uma delegação à Palestina pedindo a Cristo cura e um retrato Seu. Cristo atendeu e enviou-lhe um pano onde tinha enxugado o rosto e aí ficaram impressos os Seus traços.
Há uma tradição latina que menciona um episódio da Paixão de Cristo. Diz que Santa Verônica (que talvez signifique "vero ícone", verdadeira imagem) enxugou o rosto do Senhor, tendo esse pano retido a imagem de Cristo.
Houve Concílios que regulamentaram a confecção dos Ícones, como o de Trullo em 691, que defendeu uma doutrina cristológica do Ícone. Mas o Ícone viveu um período de contestação chamado precisamente de iconoclasta, ou seja, destruidor de Ícones. A guerra às imagens foi declarada pelo Imperador bizantino Leão III, em 725. As sagradas imagens foram condenadas, dando lugar à perseguição, morte e desterro dos defensores dos Ícones. Essa guerra foi declarada sob acusação de idolatria e esta querela durou mais de um século. Mesmo assim, em 787 celebrou-se o Concílio de Nicéia, que condenou os iconoclastas e justificou o culto dos Ícones. Por fim, em 843, no primeiro Domingo da Quaresma, através da Imperatriz Teodora, foi restabelecido o culto das imagens, e celebrada solenemente nesta ocasião o "triunfo da Ortodoxia". Esta festa se celebra ainda hoje todos os anos.

7 – Quem Pinta os Ícones
O Ícone só tem fundamento na Igreja, ou seja, é dentro da Tradição da Igreja Ortodoxa num contexto especial que surge o Ícone. O iconógrafo é alguém autorizado e avaliado por uma autoridade da Igreja para tal propósito; segue uma aprendizagem artística específica, quanto à técnica propriamente dita e segue recomendações espirituais, para poder realizar sua obra: orações, jejum, leitura e meditação bíblica - O pintor de Ícones deve ser humilde, manso e piedoso - não deve ser charlatão, nem briguento, nem invejoso, nem bebedor, nem ladrão. Deve guardar a pureza espiritual e corporal.

8 – O Iconógrafo e a Tradição
É importante frisar que o iconógrafo tem seu fundamento na Tradição espiritual da Igreja. Esta define não como conservação de uma herança passada, mas bem uma "transmissão", uma atualização da herança viva.
O Ícone é uma das expressões da Tradição Sagrada da Igreja, o mesmo que a tradição escrita e a oral. O significado da palavra iconógrafo é "o que escreve os ícones" e deve ter uma preparação espiritual em contato direto com a Igreja, que o abençoa e orienta no seu trabalho artístico. Portanto, o conteúdo espiritual do ícone reside na fidelidade à tradição da Igreja, que define através de uma série de cânones e prescrições, os limites dentro dos quais o gênio do artista se movimenta, que é menos individual e mais teológico.
No Ícone o artista é quase anônimo, ele é um instrumento para o Espírito Santo agir, emprestando-Lhe seu talento particular. Nenhum iconógrafo pretende ser "um artista original"; isto é completamente alheio à finalidade do Ícone.

9 – As Escolas Iconográficas
Existem muitas escolas iconográficas. As principais são as eslavas e as gregas, que deram origem a uma grande diversidade de escolas. Nossos pintores de Ícones brasileiros receberam a tradição do Arcebispo de Braga e Lisboa, Metropolita de "Memória Eterna" o Senhor Dom Gabriel, que por sua vez aprendeu com o Bispo João Saint Denys, da Igreja Russa em Paris.
Que o Deus Todo-Poderoso nos ajude para que através deste Breve Catecismo da Igreja Ortodoxa Ucraniana Autocéfala Sinodal - Vicariato Grego do Antigo Calendário Juliano, permita que se abram os tesouros da sua graça para o nosso povo e desça abundantemente a sua paz que faz crescer a vida de todos os que professam a fé cristã ortodoxa e toda a Santa Igreja no Brasil, ao ministrarmos com este Catecismo possamos dizer com todo fervor, disse Jesus: “Eu sou o caminho e a verdade e a vida” São João 6,14.
27.º) QUANTO A VENERAÇÃO DA SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA E DOS SANTOS NA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ORTODOXA?

A VENERAÇÃO DA SS. VIRGEM MARIA, A Toda Santa e Toda Pura, obra-prima da Criação, representante da humanidade transfigurada e Mãe de Deus e nosso Senhor Salvador Jesus Cristo. Para a Igreja Ela está acima dos Querubins e dos Serafins, pois, tendo, nascido com pecado original, por Sua vontade livre NUNCA PECOU.
A VENERAÇÃO DOS SANTOS, imagens de Deus, chegados pelos esforços e pela graça (vontade livre do homem aderente à vontade de Deus) à semelhança divina.
A VENERAÇÃO DOS SAGRADOS ÍCONES, que nos leva, pela contemplação de uma imagem, ao objeto representado. Não se trata de uma representação imitativa mas de uma "significação":. O pintor de Ícones (imagens) não deve inventar (para respeitar a imagem significante tradicional) nem decalcar sobre outros já existentes (para respeitar a liberdade da arte e a sua diversidade).
A veneração dos Ícones está ligada à esperança da transfiguração da natureza visível. O 2º Concílio de Nicéia (7º Concílio Ecumênico), em 787, aprovou contra os Iconoclastas (destruidores de imagens) a veneração dos Ícones que enraízam a sua existência no mistério da Encarnação, condenando toda a veneração a estátuas que imitassem a natureza visível (os rostos dos Santos) como idolatria.
28.º) DE QUE FORMA A IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ORTODOXA ORA?
A ORAÇÃO LITÚRGICA é o sangue que alimenta a Igreja., "Corpo de Cristo" (São Paulo). Nela se manifesta, de uma forma sensível. pelo canto e atitudes, a unidade deste Corpo.
A ORAÇÃO PESSOAL, expressão individual e escondida desta mesma unidade. A oração pessoal encontra a sua plenitude na ORAÇÃO DO CORAÇÃO ou do "rosário".
A ORAÇÃO FAMILIAR vivifica, une e santifica os lares pela celebração doméstica de Laudes, de manhã, e de Vésperas ou Completas, à noite.
A ORAÇÃO PARA A SANTIFICAÇÃO. A Vida dos Cristãos Ortodoxos é santificada, ainda, por orações com intenções diversas, por exemplo, a bênção dos lares, dos instrumentos de trabalho, na ocasião próxima de nascimento (bênção da futura mãe), de doentes, de procissões , etc.

29.º) COMO SÃO MINISTRADOS OS SANTOS SACRAMENTOS E A VIDA MÍSTICA NA ORTODOXIA ? 

A Igreja Católica Apostólica Ortodoxa distribui aos seus fiéis os seguintes Sacramentos ou Mistérios: Batismo, Crismação, Eucaristia, Penitência (ou Confissão), Unção dos Enfermos, Ordem Matrimônio (1).
Os três primeiros (Batismo, Crismação e Eucaristia) constituem os Sacramentos (Mistérios) de "Iniciação" ou de entrada na Igreja. Imediatamente depois de ter sido batizado, o cristão ortodoxo é crismado com "o selo do dom do Espírito Santo" e admitido à Comunhão, seja qual for a sua idade, passando. Assim, a ser membro pleno. com direito a todos os privilégios da Igreja.
De salientar que "Crismação" (e não "Confirmação") é um termo que lembra a origem evangélica deste Mistério, isto é, a unção ("Crisma" em grego) ou Crismação do próprio Cristo pelo Espírito Santo, descendo em forma de pomba no instante em que Jesus saía da água, depois de batizado. Essa unção manifestou-O como o Ungido de Deus - "Cristos" em grego.
(1) nota do editor: Admitir que a Igreja Ortodoxa aceita 7 Sacramentos é forçá-la a aceitar a teologia tridentina (do Concílio de Trento) que,seguindo a doutrina tomista (do Bem-aventurado Tomás de Aquino), para além de os fixar nesse número, considera ainda a existência dos chamados "Sacramentais" (orações e bênçãos específicas que, segundo essa doutrina, não têm. caráter de sacramento).
Pelo contrário, nunca foi fixado definitivamente pela Santa Igreja Ortodoxa o número dos Sacramentos (ou Mistérios) - havendo Padres da Igreja que referem o número de 3, passando por outros que indicam 7, 8, 9, etc., até 27 - nem foi aferido o caráter de cada ato sacramental.
Podemos afirmar, isso sim, o lugar proeminente ocupado pelos Sacramentos de Iniciação: Batismo, Crismação e Eucaristia. Por outro lado, não subalternizamos práticas sacramentais como os exorcismos, as bênçãos das casas, dos campos, etc., que ocupam o seu lugar próprio na vida litúrgica da Igreja Ortodoxa.
BATISMO: O Batismo na Água de adultos e crianças é celebrado pela tríplice imersão em nome da Santíssima Trindade. É uma iniciação na Igreja, perdão dos pecados e início da vida Cristã.
CRISMA (Confirmação), de conformidade com o costume antigo, é ministrado imediatamente após o batismo como um sinal dos divinos dons do Espírito Santo para o novo Cristão. A Sagrada Comunhão também é dada no batismo, expressando a plenitude de participação na vida sacramental da Igreja.
SAGRADA EUCARISTIA/COMUNHÃO: A Sagrada Eucaristia, conhecida como a Divina Liturgia, é o culto principal e é celebrada todos os Domingos e Dias Santos durante o ano litúrgico. A Ortodoxia conserva uma forte concepção sacramental. Os Sacramentos são sinais visíveis de uma invisível Graça Divina. Os elementos de pão e vinho na Sagrada Eucaristia são aceitos como sendo o verdadeiro Corpo e Sangue de Jesus Cristo recebidos para a remissão dos pecados e a vida eterna.
UNÇÃO SAGRADA: Unção Sagrada, o sacramento dos enfermos, é uma aplicação de santos óleos e orações para aqueles que sentem necessidade de cura de corpo e alma. Todavia, não é exclusivamente uma "extrema unção"
CONFISSÃO: Confissão ou o Sacramento de Penitência, é considerado necessário para o desenvolvimento e crescimento espiritual de um fiel. Geralmente é conduzido privadamente, na presença e sob a direção de um padre e confessor espiritual.
MATRIMÔNIO: O Casamento Cristão é um Sacramento de união de um homem e uma mulher para complemento mútuo e propagação da espécie. Deve ser celebrado por um sacerdote ortodoxo como representante da comunidade de fé.
ORDENS SACRAS: Ordens Sacras ou o Sacramento do Sacerdócio é compreendido como um ministério especial de serviço na Igreja e pela Igreja. As três ordens maiores do clero são diácono, presbítero e bispo. Os bispos são consagrados por pelo menos três outros bispos. Os sacerdotes ortodoxos muitas vezes são homens casados, contudo eles devem casar antes da ordenação. Os bispos são escolhidos dentre o clero monástico que têm o voto do celibato.
Muitas outras cerimônias e orações são expressões do único ministério sacramental da Igreja. Tudo isto pode ser visto como atividades espiritual e gratuitamente proveitosas para o bem-estar dos fiéis. Há exéquias pelos mortos, baseados no entendimento de que a igreja inteira, visível e invisível, é comunhão única de fiéis unidos em amor e oração.

30.º) A IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ORTODOXA VENERA AS SAGRADAS RELÍQUIAS?
A Igreja Ortodoxa é a fiel depositária de inúmeras relíquias dos principais Santos e Mártires, as quais são objeto de piedosa veneração por parte dos fiéis em todo o Mundo.
Esta veneração das relíquias justifica-se por várias razões, entre as quais destacamos: a finalidade de toda a vida cristã é a aquisição do Espírito Santo de Deus, segundo as próprias palavras de São Serafim de Sarov. É a isso que se chama a deificação - São Basílio dizia que o Homem recebeu a ordem de se tornar deus; por seu turno, Santo Atanásio de Alexandria deixou escrito que Deus Se fez Homem para que o Homem se possa tornar deus.
Ora esta deificação a que todos somos chamados envolve necessariamente o corpo humano, visto que a Salvação que o Senhor nos trouxe dirige-se ao Homem como um todo, e não apenas ao seu espírito. "O vosso corpo é um santuário do Espírito Santo que está em vós" (S. Paulo, 1 Co. 6,19). Acontece que os Santos ("amigos de Cristo, filhos, herdeiros de Deus", "depósito do tesouro de Deus e Sua morada pura", segundo São João Damasceno) os Santos, dizíamos, são templos vivos, tabernáculos do Senhor, e os seus corpos, mesmo antes de nascerem para os Céus, experimentam os frutos dessa deificação. Assim, quando os Santos são chamados à presença de Deus, a sua sorte assemelha-se mais a um sono e os seus corpos muitas vezes também não apodrecem - mantêm-se incorruptos. Tanto neste caso como no caso em que dos corpos dos Santos só nos restam os ossos, essas relíquias são veneradas pelos fiéis porque a nossa fé nos diz que a graça de Deus presente nesses corpos enquanto vivos permanece ativa neles mesmo para além da morte.
Por outro lado, verifica-se muitas vezes que as relíquias dão origem a curas e milagres diversos. Não devemos olhar esta veneração das relíquias como exemplo de "ignorância" ou de "superstição", mas sim como uma natural conseqüência teológica do corpo humano se tornar "templo do Espírito Santo".
31.º) QUANTO AO USO DO VÉU NA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ORTODOXA?
A Igreja Ortodoxa, ou Oriental, como é chamada aqui no Ocidente, preservou tanto a doutrina como o rico ritual litúrgico elaborado durante os primeiros tempos do Cristianismo. Seria este um meio capricho, ou um excessivo apego a um formalismo ritual? Temos aqui exatamente duas posturas, duas visões diferentes do mundo e da própria Igreja, e portanto, do seu ritual. São praticamente duas atitudes básicas diante do Sagrado. Da compreensão deste problema vai depender exatamente a verificação que o ritual ortodoxo é cheio de sentido e significado, visto que o universo simbólico da Sagrada Liturgia é preservado em todos os seus detalhes e em todo o seu rico conteúdo espiritual.
Neste sentido, podemos afirmar que o véu tem necessariamente um sentido e dimensão que ultrapassam o uso cultural ou qualquer distinção discriminatória para com o sexo feminino. Por que reduzir o mistério a simples categoria sociológica, histórica, sexual ou cultural Por que se adotam interpretações racionalistas e materialistas a uma dimensão que ultrapassa o tempo e o espaço? Ou o Sagrado está para além do concreto ou não existe? O Sagrado evidentemente se expressa e manifesta no mundo, mas está além dele! Aqui começa a distinção entre a recusa do véu, numa interpretação simplista e exterior ou a segunda opção apresentada pela Ortodoxia: viver o significado do véu dentro do universo do Rito Litúrgico, cujo sentido está evidentemente para além do uso do objeto "véu", fazendo deste um mero fim sem sentido.
O véu seria então um símbolo, portanto um sinal através do qual somos remetidos para um outro significado além dele; é um meio para ir a outra dimensão; chamemo-lo então: o sagrado. Por outro lado, o véu como elemento isolado não tem nenhum atributo especial ou mágico em si mesmo. Isto seria um erro grosseiro. Ele representa muito mais, é uma atitude, uma disposição, uma escolha.
Neste ponto se abre uma porta por onde podemos contemplar outra realidade, porque sendo uma atitude, isto significa escolha Se há escolha, há liberdade, então é possível compreender. Aqui entram em jogo dois atributos dados especialmente ao homem: liberdade (de escolher) e inteligência (para compreender).
Tem importância para a mulher o uso do véu na Igreja durante a liturgia? A prática ortodoxa afirma que sim.
O jogo litúrgico vai depender da liberdade de ir até ele e além dele, como da participação por meio da compreensão. Aqui chegamos à questão principal. Tem importância para a mulher o uso do véu na Igreja durante a liturgia? A prática ortodoxa afirma que sim - como se dá e porque é importante. O primeiro ponto é que reconhecendo o véu como símbolo, não se pretende esgotar todos os seus significados, porque não tem apenas um significado, mas vários, muitos... Podemos aqui sugerir alguns:
1. Deus criou o Homem e a Mulher, macho e fêmea os criou! Deus criando o mundo como uma coisa unida, integrada; dentro da criação, no entanto, há duas polaridades que vão realizar uma Unidade. O homem complemento da mulher e vice-versa, um precisa do outro. Como pode então um ser superior ao outro, se cada um precisa do outro? Na criação há outras dualidades: céu e terra, dia e noite, que correspondem também ao homem e à mulher numa relação integrada, harmônica. Portanto dentro da criação cósmica, cada polaridade tem seu lugar próprio, o equilíbrio do próprio Universo depende disso!...
Se a liturgia é uma celebração cósmica, esta vai conter os elementos que o próprio Deus estabeleceu e são chamados à Liturgia da maneira que Deus os criou: Homem e Mulher, cada um na plenitude do seu próprio sexo, porque cada um à sua maneira reflete a própria Unidade da Criação Esta distinção deverá ficar bem clara e estabelecida na Liturgia, onde cada um é chamado a assumir sua posição no mundo como homem ou mulher.
2. Criou o Céu e a Terra - Céu e Terra se complementam, o céu está em cima e a terra embaixo, o homem "cobre" a mulher; isto não significa superioridade de um sobre o outro, apenas lugares diferentes. Se a mulher vai representar a própria terra que é fecundada e coberta pelo céu, na Liturgia a mulher vai cobrir sua cabeça pois está diante de Deus, não diante dos homens!
3. A Virgem Maria - Na saudação do anjo Gabriel a Maria, para comunicar-lhe que seria a Mãe de Deus na terra, Deus escolhe uma mulher, claro! E aqui fica definido qual é a relação da humanidade, e especialmente da mulher, diante de Deus. O anjo lhe diz: "O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra". A mulher, portanto, diante de Deus, é receptiva e não passiva, posto que ela aceita, a vontade dela disse sim. "Faça-se em mim conforme sua palavra". O véu vai significar claramente a aceitação da palavra de Deus.
A mulher é naturalmente mais receptiva que o homem. Tem já o dom de gerar filhos; isto a torna co-participe na criação do mundo. Ela recebe o filho, isto não é nada passivo, muito pelo contrário. A mulher portanto é coberta por Deus, é um ser potencialmente mais "espiritual" que o homem.
4. A Virgem Maria e a Maternidade de Jesus - Uma mulher e não um homem é a pessoa que vai conhecer melhor o Cristo. Ela já o recebe no sim ao anjo! A partir disto Jesus vai crescendo dentro dela, é no seu interior que vai se desenvolvendo; ela então tem uma relação íntima, estreita como ninguém jamais a teve. O Espírito Santo a cobriu e ela concebeu; tudo se passou dentro dela, no maior mistério. Vemos sua barriga, sabemos que está grávida, mas não sabemos como é. É um mistério, está oculto - o mundo moderno quer descobrir tudo, nada escapa a isso, mesmo o Sagrado tem que ser exposto.
Na Liturgia Ortodoxa, o Santuário é separado dos fiéis e em dois momentos fecha suas portas aos olhos dos fiéis: na Prótese, que representa a vida oculta ou anterior de Cristo no mundo, e na Comunhão do Clero. O véu nas mulheres é a lembrança permanente dentro da Igreja daquilo que não vemos, que é mistério, está perto mas está encoberto por um véu.
5. O Véu do Santuário - O Santuário e sua porta representam a entrada (a Porta, o Cristo) ao Céu, que é coberto por um grande véu. Aqui na terra, portanto, um véu nos separa - do mistério da vida que está para além da porta que é o Cristo. Só o Espírito Santo nos faz enxergar para além do véu e do mistério; é necessária muita fé, a fé que a Virgem Maria nos ensina, a fé da mulher que espera um filho e vê nele um futuro distante.
A mulher representa a espiritualidade, ou seja, a receptividade a Deus para entrar com Cristo para além do véu e da porta do Santuário.
Portanto, o véu não é impedimento algum, mas confiança, fé e esperança de ir além dele para encontrar o Cristo. A mulher com véu vai representar a fé em algo que não vemos, está simplesmente encoberto!
6. Maria, a própria Igreja - Deus escolhendo Maria para Mãe de Cristo e Maria aceitando, se torna ela mesma o modelo de todos os cristãos, homens e mulheres. A Igreja é uma mulher, é o Corpo que recebe o Cristo. Encarnando aqui na terra Cristo se faz sangue. Ele é concreto. Em Maria a Mãe-Igreja é que recebemos o Cristo, gerado pelo Espírito Santo. A Igreja santificada e pura vai conhecer o Cristo intimamente, de dentro. Isto só é possível pelo mistério, não pode ser explicado, analisado, apenas vivido de dentro, como uma Mulher-Mãe-Maria o vive.
Se Maria é a Igreja onde Cristo nasce, o Cristo é a cabeça da Igreja, dirigida espiritualmente por ele; é a mulher com a cabeça coberta, porque coberta por Cristo, vai nos ensinar a fazer todos a sua santa vontade.
O véu será submissão a Cristo, e não aos homens. Igreja conduzida por Cristo; ele é a cabeça. Então a mulher aceita amorosamente se entregar a Cristo, aceitando que ele a cubra.

32.º) A FIDELIDADE DA FÉ NA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ORTODOXA ?
A Igreja Ortodoxa manteve sem acréscimos nem reduções a Lei que lhe foi confiada. Em três ocasiões, São Paulo recomendou ao discípulo Timóteo que mantivesse a fé, incólume e imaculada, tal como a recebera, dizendo-lhe:
"Eu te exorto diante de Deus... que guardes este mandamento sem mácula nem repreensão até a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo" (I: VI-13 e 14).
"Timóteo! Guarda o que te foi confiado, evitando conversas vãs e profanas e objeções da falsa ciência, a qual tendo alguns professado, se desviaram da fé" (I: VI-20 e 21).
"Conserva o modelo de sãs palavras que de mim ouviste na fé e no amor que há em Cristo Jesus. Guarda o bom depósito com o auxílio do Espírito Santo que habita em nós" (II: I-13 e 14).
Um comentador das Epístolas apresentou o seguinte conceito:
Quem recebe um depósito, cumpre restituí-lo à pessoa que lho confiou. Um depósito não é propriedade do depositário; este deve repô-lo, completo, sem reduções nem modificações. O depósito, que é a fé, é muito precioso por constituir o direito de Deus, revelado à humanidade. Cabe a todo crente e, especialmente, aos mestres, que sejam fiéis na guarda desse depósito e transmiti-lo incólume e sem alterações àqueles que lhes sucederão.
Timóteo, o discípulo dileto do Apóstolo São Paulo que o sagrou Bispo de Éfeso, cidade situada no coração fervilhante da Anatólia, era igual aos primazes orientais, guardiões dos conselhos dos mestres, que os transmitiram aos sucessores sem nenhuma alteração. Os estudiosos da história do Oriente e os pesquisadores da verdade reconhecem que os homens do Oriente zelam com todo o rigor pelo que se lhes confia, mormente quando o objeto confiado é uma questão de fé, relacionada com o que representa as contas a serem prestadas no Dia do Julgamento.
Éfeso, que teve em Timóteo o seu primeiro bispo, permaneceu durante longo tempo como a vanguarda do cristianismo. Nela se realizou o VI Concílio Ecumênico. Os seus numerosos bispos contribuíram para a grandeza da Igreja, que deles se orgulha através dos séculos. O Bispo Marcos, um dos seus sábios prelados, de atitudes nobres e corajosas na defesa do cristianismo, compareceu ao Concílio de Florença, em 1439, batendo-se quase sozinho, sem medo e sem vacilação, com a maioria constituída de antagonistas, em defesa da fé confiada pelos seus antecessores.
O bispo Marcos não era, no Oriente, o único prelado íntegro e leal, zeloso pela pureza da fé; Como ele existiram numerosas e nobres personalidades. Assim, todas as deliberações dos Concílios Ecumênicos, arquivadas pela Igreja Ortodoxa, sem acréscimos ou reduções, foram a maior prova e o mais santo testemunho da conservação da fé, sã e intacta, na Igreja do Oriente.
33.º) CONCLUINDO... POR QUE SOU CRISTÃO ORTODOXO? 

Sou Cristão Ortodoxo: Porque pertenço à sociedade de fiéis Cristãos unidos pela Fé Ortodoxa e vivem conforme aquilo que Ela ensina, obedece aos seus Pastores em tudo o que acontece à Glória de Deus e à Salvação da alma.
Sou Cristão Ortodoxo: Porque vivo e pratico a fé e a virtude na Igreja. Considero-me membro dela, por meio do Santo Batismo; assisto às Igrejas Ortodoxas, a seus cultos e sacerdotes; acerco-me dos Santos Sacramentos; escuto a Voz de Deus através de seus Vigários; trato de viver da Graça que se derrama continuamente sobre todos os seus filhos.
Sou Cristão Ortodoxo: Porque amo ao verdadeiro Deus, a Jesus Cristo, seu Filho Unigênito, e ao Divino Espírito Santo; amo e procuro seguir sua Doutrina, seguindo assim o que ensina e prega a Santa Igreja Católica Apostólica Ortodoxa.
Sou Cristão Ortodoxo: Porque creio exatamente no que os Apóstolos ensinaram.
PARÓQUIA ORTODOXA SANTÍSSIMO REDENTOR
Av. Industrial, 754 – Bom Sucesso
IMPERATRIZ – MA CEP 65900-000
PABX/Fax: (0**99) 9137-0302
HORÁRIOS DAS CELEBRAÇÕES:
DOMINGO ÀS 19:00h. DIVINA LITURGIA (SANTA MISSA).
QUARTA-FEIRA ÀS 19:30h. DIVINA LITURGIA (SANTA MISSA) E NOVENA EM HONRA A SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA.
SEXTA-FEIRA ÀS 19:30h. DIVINA LITURGIA (SANTA MISSA), NOVENA EM HONRA A SANTO EXPEDITO E UNÇÃO DOS ENFERMOS.
OBS.: BATIZADOS, CRISMAS, EUCARISTIAS, CASAMENTOS (APÓS O CURSO DE PREPARAÇÃO), UNÇÃO DOS ENFERMOS E BENÇÃO NOS LARES.

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